sexta-feira, 4 de junho de 2010



61)30 Abr 2010
Antes do seu desencarne, teria Rui Barbosa aderido ao Espiritismo?

Na "Oração aos Moços", "ato de fé", "conselho de pai a filhos", testamento de uma carreira, em que, diz ele, "estou-vos abrindo o livro da minha vida", escrita nas antevésperas do seu desencarne e, por isso mesmo, lida por Reinaldo Porchat em cerimônia pública, há uma passagem em que a eloquência indiscutivelmente espiritualista de Rui Barbosa dá conselhos aos colegas e afilhados em termos inequívocos de quem tomou conhecimento da sobrevivência humana, de acordo com a Doutrina Espírita. Abramos a "Oração aos Moços", 9ª ed. FORENSE, Rio, pág. 10:

A maior de quantas distâncias logre a imaginação conceber, é a da morte; e nem esta separa entre si os que a terrível apartadora de homens arrebatou aos braços uns dos outros.
Quantas vezes não entrevemos, nesse fundo obscuro e remotíssimo, uma imagem cara? Quantas vezes não a vemos assomar nos longes da saudade, sorridente ou melancólica, alvoroçada ou inquieta, severa ou carinhosa, trazendo-nos o bálsamo ou o conselho, a promessa ou o desengano, a recompensa ou o castigo, o aviso da fatalidade ou os presságios de bom agouro?
Quantas nos não vem conversar, afável e tranquila, ou pressurosa e sobressaltada, com o afago nas mãos, a doçura na boca, a meiguice no semblante, o pensamento na fronte, límpida ou carregada, e lhe saímos do contato, ora seguros e robustecidos, ora transidos de cuidado e pesadume, ora cheios de novas inspirações, e cismando, para a vida, novos rumos?

Quantas outras, não somos nós os que vamos chamar esses leais companheiros de além-túmulo, e com eles renovar a prática interrompida, ou instar com eles por um alvitre, em vão buscado, uma palavra, um movimento do rosto, um gesto, uma réstia de luz, um traço, do que por lá se sabe, e aqui se ignora? (negrito meu).

O Dr. Sérgio Valle, em seu livro, hoje raro, "Silva Mello e os Seus Mistérios" (Editora LAKE, 2ª edição, São Paulo, 1959), fêz uma visita à casa de Rui Barbosa, tombada pelo Patrimônio Histórico, situada na rua São Clemente, Botafogo, RJ, e cita os livros que o grande jurisconsulto e filólogo baiano leu, com vários textos sublinhados em vermelho, para escrever o texto acima. Vejamos a relação:

William Crookes: Les Nouvelles Expériences sur la Force Psychique.
Charles Richet: Traité de Metapsychique.
Sir Oliver Lodge: Raymond or Life and Death; The Proofs of Life After Death; La Vie et la Matière
Alexander Aksakof: Animisme et Spiritisme.
Ernesto Bozzano: Les Phénomènes de Hantise.
Frederic Myers: Les Hallucinations Telépathiques.
Conan Doyle: The New Revelation.
Léon Denis: Les Problèmes de L'Être et de la Destinée.
Alfred Russel Wallace: La Place de L'Homme dans L'Univers
Camille Flammarion: Dieu dans la Nature; L'Inconnu et les Problèmes Psychiques; La Mort e son Mistère (3 volumes); Recits de L'Infini; Uranie.

Como vimos, para escrever um pequeno e belíssimo texto, eivado de considerações autenticamente espíritas, Rui Barbosa leu alguns dos maiores cientistas e filósofos espíritas de todos os tempos.

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