sexta-feira, 4 de junho de 2010



31)11 Abr 2010
Mais dois ótimos textos de Bozzano

Animism or Spiritualism? Which explains the facts? (Animismo ou Espiritismo? Qual deles explica os fatos?). Esta foi a tese proposta pelo Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional, que se reuniu em Glasgow (1937), à maior figura internacional da ciência espírita de então, o filósofo Ernesto Bozzano (1862--1943), pedindo-lhe que, ao mesmo tempo, fizesse um resumo de toda a sua obra de 40 anos e mais de cem trabalhos produzidos. Esta tese foi transformada em livro e traduzida para o português pelo saudoso ex-presidente da FEB, e ex-tradutor do Senado brasileiro, o Dr. Luís Olímpio Guillon Ribeiro, considerado por muitos o melhor tradutor espírita brasileiro. Mas, vejamos como Bozzano conclui o seu livro, respondendo à questão que lhe foi proposta.
"Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos paranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim, pois que são efeito de uma causa única, e esta causa é o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes, durante a existência encarnada, determina os fenômenos anímicos, e qundo se manifesta, mediunicamente, durante a existência desencarnada, determina os fenômenos espíritas. Daí decorre que os fenômenos parapsicológicos podem ser anímicos ou espiríticos, conforme as circunstâncias. É racional, com efeito, supor-se que aquilo que um espírito desencarnado pode realizar, também deve podê-lo, embora menos bem, um espírito encarnado, sob a condição, porém, de que se ache numa fase transitória de diminuição vital, fase que corresponde a um processo incipiente de desencarnação do espírito, quais se verificam, por exemplo, durante o sono, o sonambulismo, o transe, o êxtase, o delíquio, narcose, coma, etc.. Segue-se, de tudo isto, que Animismo e Espiritismo são complementares um do outro, e que, como já disse muitas vezes, o Animismo prova o Espiritismo".

2º texto:
"Já vimos que, em regra, as cognições paranormais chegam à consciência normal em forma de representações simbólicas. Pois bem: a natureza simbólica de quase todas as percepções paranormais adquire alto valor teórico, porque demonstra que elas não são apenas independentes dos sentidos periféricos, mas também dos correspondentes centros cerebrais e isso pela razão de que o simbolismo das percepções prova que os centros cerebrais não percebem ativamente, e sim recolhem passivamente o que lhes transmite um terceiro agente extrínseco, que é o único a perceber diretamente, para depois transmitir as suas cognições ao sensitivo, sob a forma de representações simbólicas. Evidentemente, isto se dá porque, sendo as percepções do agente qualitativamente diferentes das que os centros cerebrais do sensitivo podem assimilar, o primeiro é obrigado a transmiti-las sob a forma de objetivações alucinatórias, de fácil interpretação pelo sensitivo. Ora, como esse terceiro agente extrínseco não pode ser outro senão o Eu espiritual integral do sensitivo, evidente se torna e irrefutável a contraprova de que ele é realmente independente de qualquer ingerência funcional, direta ou indireta, do órgão cerebral".
"Portanto, devo assinalar aos meus leitores a imensa importância teórica de tal fato, com que se arranca das mãos dos adversários a única arma de que eles dispunham para combater a hipótese espírita. Lisonjeio-me, pois, de que os opositores que me lerem, hão de recordar-se, no futuro, de que toda vez que se aventurarem a combater a hipótese espírita, recorrendo aos poderes da "clarividência onisciente", nada mais farão do que demonstrar a existência e sobrevivência da alma, colocando-se no ponto de vista do Animismo, em vez de no do Espiritismo, o que, entretanto, para a hipótese da sobrevivência, vem a dar no mesmo. Chego portanto a uma conclusão teórica importantíssima, a que se seguirão outras, igualmente incontestáveis, e que se revelarão cumulativamente resolutivas para a demonstração da existência e sobrevivência do espírito humano". (Ernesto Bozzano, Animismo ou Espiritismo?, ed. da FEB).

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