sexta-feira, 4 de junho de 2010

Charles Richet

37)12 Abr 2010
A Religião do Futuro, na opinião do aparentemente céptico Charles Richet

O texto abaixo é tirado da última obra escrita pelo grande gênio da Sorbonne, "Au Secours", em 1935, ano em que faleceu. Apesar do seu aparente ceticismo, o capítulo do livro que contém o citado texto tem o título de A Religião do Futuro, do qual extrairei apenas um pequeno trecho. Vejamos então:

Como sou audacioso, afirmo que a humanidade necessita de uma religião, de uma adoração que não seja a do dólar, e afirmo também que as concepções da humanidade futura irão muito além da explicação mecânica e material das coisas que atingem diretamente os nossos sentidos. A vida não valeria o trabalho de ser vivida se tivéssemos somente o nosso corpo, mais ou menos infecto, para fazer viver, com suas enfermidades inelutáveis, debilidades e senilidades, e se a nossa existência intelectual não estivesse envenenada pelos baixos sentimentos do egoísmo e da inveja.
Todas as religiões têm por principais dogmas a crença em um ou em vários deuses, a vida eterna, a sobrevivência, o desprezo de nossa frágil e rápida existência terrestre. Até mesmo entre os fetichistas mais atrasados há a vaga idéia de uma existência futura. A crença na imortalidade é a base fundamental de todas as religiões. Os livros sagrados de todos os países ensinam que o nosso corpo possui uma alma que se desprende depois da morte dos andrajos carnais, subindo diretamente para um paraíso ou chafurdando-se num inferno, segundo o merecimento de cada uma.
Que os deuses imortais nos preservem de traçar os lineamentos de uma religião futura; no entanto, no amontoado complexo da ciência que denominei Metapsíquica (obs. minha: hoje Parapsicologia), há alguma coisa que nos permite nutrir esperanças.
( - )
Essa nova religião, que pressinto nos sonhos vaporosos da minha imaginação, não será pregada por um Crishna, um Moisés, um Cristo, um Buda, um Maomé. Não terá Messias, nem profetas mas, ao contrário das demais religiões, suas bases serão científicas. O inabitual e o paranormal, cientificamente comprovados, serão admitidos por esta religião do futuro. Ela terá, como consequência, um novo ideal moral, capaz de criar uma nova sociedade, despida de todas as injustiças políticas, sociais, éticas e morais que infeccionam a sociedade atual.
CHARLES RICHET.

Nenhum comentário:

Postar um comentário