segunda-feira, 4 de agosto de 2014

101) Nascimento, luta pela vida e morte: o ciclo da evolução

     Essas reflexões são extraídas de uma grande obra mediúnica que, várias vezes, tenho citado neste blog:        
   
     "Lá, onde o mundo admira e venera o vencedor a qualquer preço, chamo para o meu lado o homem mais aflito e desventurado e lhe digo: amo-te, irmão, admiro-te, preeleito ser. Onde o mundo apenas respeita a força e despreza o fraco que sucumbido jaz, digo ao humilde e ao vencido: a tua dor é o que há de mais grandioso na Terra, é o trabalho mais intenso, a mais potente criação, pois que a dor faz o homem, lhe burila a alma, soergue-a e plasma, e a lança ao alto, para Deus. Qual dos grandes da Terra te pode igualar? Qual, dentre aqueles que triunfaram das forças terrenas, o que já realizou uma criação verdadeiramente eterna como a tua?
            Não maldigas da dor. Não lhe conheces as raízes distantes, não sabes qual a última onda que, impelida por uma infinita cadeia de ondas, constituiu o teu presente. Num universo tão complexo, no seio de um organismo de forças regido por uma lei tão sábia que nunca falha definitivamente, como podes crer que o teu destino esteja abandonado ao acaso,  e que o momentâneo desequilíbrio que te aflige, parecendo-te injustiça, não seja condição de um equilíbrio mais elevado e mais perfeito? Lembra-te de que, no organismo universal, são absurdos os vocábulos "acaso" e "injustiça". Não pode haver erro, imperfeição, senão como fase  de transição, senão como meio de criação. A alegria e o bem são a lei da vida, ainda que, para se realizarem plenamente, seja necessário se atravessem a dor e o mal... Não maldigais. Se a natureza -- tão econômica, mesmo na sua prodigalidade, tão equilibrada em seus esforços -- permite uma ruptura, qual o é biologicamente a morte, e um desfalecimento em tuas aspirações, qual o é a dor, isso, dentro da lógica do funcionamento universal, somente pode significar que tais fenômenos não exprimem nem perda, nem destruição, mas que guardam em si, ocultas, uma função criadora". (A Grande Síntese, cap.59, Teleologia dos Fenômenos Biológicos, edição da FEB, 1939).

     "Se a natureza guarda suprema indiferença diante da morte, é porque esta, substancialmente, nada destrói, tanto que, apesar das contínuas mortes, a vida prossegue triunfante. A morte nada destrói, nem do que é matéria, nem do que é espírito. A matéria, abandonada, desce de novo a um nível inferior e é apanhada em mais baixo ciclo de vida. O psiquismo retoma o dinamismo e os valores espirituais e ascende, imaterial e invisível, para equilibrar-se no nível que lhe é próprio, por peso específico. Do mesmo modo que com a luz e as cores pinta a natureza os mais maravilhosos quadros e depois, despreocupadamente, deixa se desvaneçam, porque sabe em seguida reconstruí-los de pronto, mais belos ainda, tão rica se sente de beleza, também com a química do plasma, com as forças da vida, com a sabedoria do psiquismo, a mesma natureza modela as mais maravilhosas formas e as deixa murchar e morrer, porque as sabe refazer rapidamente e as refará mais belas, numa infinita prodigalidade de gérmens".
     "A morte, com efeito, não lesa o princípio da vida, que permanece intacto, que antes continuamente rejuvenesce, em virtude dessa renovação contínua através da morte. Se a natureza não teme e não foge à morte, é porque esta é condição de vida e, da sua íntima economia, nada a morte arruina. Sabe a natureza que a substância é indestrutível, que nada nunca se pode perder como quantidade, nem como qualidade; sabe que tudo ressurge da morte: ressurge o corpo no ciclo das trocas orgânicas, e ressurge o espírito  no psiquismo diretor".
     "Nada na natureza se destrói e mesmo a morte, por lei universal, tem que restituir intacto o psiquismo cujos traços inutilmente procurais dali por diante naquele corpo inerte. Não importa que aos vossos sentidos e meios de percepção ele escape no imponderável. Havia um psiquismo animador que agora já não há. Todo o universo, por obediência constante à sua lei, clama que aquele psiquismo não pode ter sofrido  destruição. Vós o vedes desaparecer na morte e reaparecer no nascimento. Como então é possível que o ciclo não se feche, conforme acontece com relação a todas as coisas, reunindo de novo os dois extremos? Assim como o que não morre não pode ter nascido, também não pode morrer o que existia antes do nascimento. Aquilo que não nasceu com o corpo, com o corpo não pode morrer.  Se o espírito nascesse juntamente com o corpo, aí sim, teria que morrer com ele, a fim de fechar o ciclo, e isto nos conduziria ao mais desesperado materialismo". .........
     "Pensai bem: uma tão complexa unidade coletiva, qual a individualidade humana, é o mais alto produto da vida e resume os resultados do maior labor da evolução. Poderia esta, na sua economia íntima, permitir a dispersão dos seus maiores valores? E, depois, porque o testemunho dos sentidos, que vos iludem a respeito de tantas coisas, deveria ter mais força do que o vosso instinto, que vos diz: sou imortal; do que as religiões, do que os fenômenos mediúnicos, do que a lógica dos fatos, do que a voz concorde da humanidade inteira, e de todos os tempos, que vos dizem: sois imortais?". (A Grande Síntese, cap.74, o Ciclo da Vida e da Morte e a sua Evolução).