terça-feira, 24 de março de 2015

108) Analogia entre o espectro luminoso e a consciência humana, por Frederic Myers

 
Frederic Myers

     Se, por um prisma de vidro, atravessarmos um estreito feixe de luz solar (repetindo o famoso experimento de Sir Isaac Newton), aquele será decomposto nas cores do arco íris, formando o espectro luminoso visível; quem já viu esses espectro, contemplou na realidade toda a extensão da luz visível, pois o olho humano só é sensível a uma estreita faixa de radiações, situadas entre o vermelho e o violeta, de frequência mais elevada que o vermelho. Uma pequena diferença de frequências separa a visibilidade da invisibilidade. 
     Mas o Sol ainda emite outras espécies de radiações. Na região de frequência ainda mais baixa, aquém do vermelho espectral, estão os raios infravermelhos, que já não podem excitar a retina para dar a sensação de luz, embora a pele os sinta sob a forma de calor. Do mesmo modo, na região de frequência ainda mais alta, além do violeta, estão os raios ultravioleta, de elevada frequência para serem percebidos por nossos olhos, mas que podem ser registrados por uma placa fotográfica e possuem uma ação actínica.
     
     Na sua grande obra "A Personalidade Humana", o literato e psicólogo de Cambridge, Frederic Myers, estabelece uma importante analogia entre o espectro luminoso visível e a consciência humana, aquela que conhecemos e sentimos em nosso dia a dia, a consciência normal, que ele chama de consciência supraliminar. Fora dessa consciência, há o que os psicólogos chamam de inconsciente, e que Myers prefere denominar consciência subliminar. Assim, estamos autorizados a falar em um "Eu" supraliminar (consciente), e em um "Eu" subliminar (inconsciente). Em termos simbólicos, o primeiro estaria situado acima do limiar da consciência normal, este último abaixo.
    
     Analogamente, fora do espectro visível, existem os raios infravermelhos (aquém do vermelho), e os ultravioleta (além do violeta).

     De acordo com a analogia de Myers, correspondendo à região do infravermelho, de baixa frequência, estariam as chamadas "personalidades segundas", provocadas por sugestão (como no hipnotismo), ou espontâneas (por autossugestão), os sonhos ordinários, os estados mórbidos, as dissociações da personalidade, etc..
     Seguindo a mesma analogia, do outro lado do espectro, correspondendo à região do ultravioleta, de alta frequência, estariam as inspirações do gênio, o êxtase dos místicos, as faculdades paranormais da mente (memória integral, telepatia, clarividência e, às vezes, precognição).
     

     No primeiro caso teríamos a emersão do "Eu" subliminar inferior, altamente sugestionável, ligado ao funcionamento de centros cerebrais primitivos, ordinariamente inconscientes.     
     No segundo caso, teríamos a emersão de uma fração ou frações do "Eu" subliminar superior, onde, muitas vezes, já repontam as faculdades paranormais, e que não é sugestionável. Na sua inteireza, ele representaria o "Eu" espiritual, preexistente e sobrevivente à morte do corpo

quarta-feira, 18 de março de 2015

107) Os fenômenos anímicos já são, por si sós, suficientes para provar a sobrevivência humana, sem necessidade de recorrer aos fenômenos espíritas


Já tive ocasião de mencionar que os chamados fenômenos anímicos (denominação dada pelo sábio russo A. Aksakof) são aqueles produzidos pelo Espírito humano na sua condição de encarnado, em momentos raros e excepcionais de emancipação transitória de sua "prisão corporal", isto é, durante determinadas fases do sono natural, sono hipnótico, sonambúlico, êxtase, desmaio, delíquio, narcose, coma, etc.. Tais fenômenos são: memória integral, telepatia, clarividência e, mais raramente, precognição (ou premonição). Não há, no caso específico dessa fenomenologia, nenhuma ligação ou vinculação ao Espírito de pessoas falecidas. 

O filósofo Ernesto Bozzano respalda a tese de que essa casuística é fundamental para a demonstração da existência e sobrevivência do Espírito humano, não cabendo aos fenômenos espíritas propriamente ditos senão a adução da prova complementar (embora de si importante) da mesma demonstração.

Vejamos o que nos diz o pensador italiano em sua obra "A Propósito da Introdução à Metapsíquica Humana" (ed. FEB, 1992): (fiz pequenas modificações no texto, sem alterar-lhe o sentido, para adaptá-lo aos objetivos do blog).

Do lado psicofisiológico das manifestações anímicas, os defensores da hipótese espírita partem dos fenômenos de exteriorização da motricidade (telecinesia) e da sensibilidade para aqueles em que a telecinesia se entrelaça com o da passagem da matéria através da matéria, fenômeno que por sua vez se prende ao da desintegração a distância, transporte e reintegração instantânea de um objeto qualquer durante a sessão.
Nesse estudo os espíritas põem em ação os métodos de análise comparada, aproximando e ligando os ditos fenômenos aos da ideoplastia propriamente dita, em que a matéria somática do organismo do médium, exteriorizada sob forma fluídica ou semifluídica, se concretiza em um membro, em uma cabeça, em uma forma organizada, com o auxílio da vontade subconsciente do médium, compreendendo nesta série todas as manifestações anímicas de uma mesma ordem, que não diferem uma da outra senão pela gradação evolutiva e que respectivamente demonstram:

1º)   que a sensibilidade e a motricidade podem ser separadas dos sistemas nervoso e muscular;

2º)   que a subconsciente vontade humana tem o poder de desintegrar, a distância, e de transportar e de reintegrar a matéria;

3º)   que essa mesma vontade possui a faculdade de converter o organismo humano na substância amorfa e primitiva que o compõe, para, em seguida, empregá-la em reorganizar membros humanos, rostos e organismos também humanos, perfeitos e independentes do médium. Esse conjunto de faculdades naturalmente leva a inferir-se que o organismo humano deve resultar, por seu turno, de um produto dessas mesmas forças e faculdades exteriorizáveis, dominando a matéria inanimada, organizando a matéria somática, forças e faculdades dirigidas por uma vontade subconsciente de natureza transcendental. Em outros termos, esse conjunto leva logicamente a concluir-se que o espírito organiza o corpo e de modo nenhum o corpo organizado engendra o espírito, como afirmam os representantes da ciência oficial.

Nesse sentido, a obra magistral do Dr. Gustave Geley, De l’Inconscient au Conscient, é inteiramente consagrada à demonstração científica desta verdade básica. Escreve ele:

“A noção da ideoplastia imposta pelos fatos é capital: a idéia não mais é uma dependência, um produto da matéria; é a idéia, pelo contrário, que modela a matéria, transmitindo-lhe a forma e os atributos.” (Pág. 699.)

Não nos esqueçamos, portanto, de que essas primeiras conclusões, rigorosamente fundadas nos fatos, bastam, por si só, para demonstrar a existência no homem de um espírito independente da matéria, espírito que tudo indica preexistir ao corpo e que lhe sobrevive à morte, e são ao mesmo tempo mais que suficientes para aniquilar de vez o postulado fundamental em que repousa a biologia moderna, segundo o qual o órgão cerebral cria a função do pensamento, quando os fatos demonstram que é o espírito – isto é, a função do pensamento – que cria os órgãos.

Sempre sob a relação psicofisiológica, mas de um ponto de vista diferente, os defensores da hipótese espírita partem dos fenômenos de exteriorização da sensibilidade e da motricidade para chegar gradativamente às outras manifestações aliadas da formação completa de um “duplo psíquico” exteriorizado, idêntico ao do sensitivo submetido à experiência; duplo psíquico  provido de sensibilidade e de motricidade, mas desprovido de atributos inteligentes, pois reproduz mimeticamente todos os movimentos do sensitivo; passam em seguida nos casos espontâneos ou provocados, em que o “desdobramento” é ao mesmo tempo fluídico, sensorial e psíquico (bilocação), deslocando a personalidade consciente do sensitivo para o “duplo”, que então percebe, a distância, o seu próprio corpo somático inanimado e adormecido. Chegados a esse ponto, os defensores da hipótese espírita concluem necessariamente que no homem existe um “duplo psíquico" (perispírito) que se pode separar do organismo somático em circunstâncias especiais de afrouxamento vital, como na síncope, no êxtase, no sono fisiológico, no sonambúlico e no hipnótico, nos casos de inalação de clorofórmio, etc.
Todas essas condições de fatos, conjuntamente, levam de modo lógico a admitir-se que, se no homem existe um "duplo psíquico", que se pode afastar temporariamente do organismo somático, mesmo durante a vida terrestre, a morte não deve, então, ser mais que a definitiva separação do corpo somático do duplo, enriquecido este do espírito, que é o seu nível de mente.


Sob o ponto de vista puramente psíquico os defensores da hipótese partem das experiências de transmissão do pensamento, a curta distância, e passam às que são obtidas a distâncias consideráveis, abrindo caminho às manifestações telepáticas propriamente ditas, para as quais nenhum limite pode ser marcado.
Aproximam, em seguida, ligam e comparam essas manifestações demonstrativas do poder funcional do pensamento com as manifestações complementares da evolução e da espiritualização das faculdades sensoriais, a começar do fenômeno de “transposição dos sentidos” que, evoluindo gradativamente, se transformam nos de autoscopia e de aloscopia, em que o sensitivo percebe macroscopicamente e microscopicamente o interior do próprio corpo ou do de outrem.
Esses fenômenos se elevam por sua vez até se transformarem em lucidez propriamente dita, em que o sensitivo percebe através de qualquer corpo opaco inanimado; e abrem caminho para outros bastante mais importantes da percepção das causas e dos acontecimentos a qualquer distância do sensitivo (clarividência ou telestesia), fenômenos que se elevam até atingirem, por vezes, o cimo da clarividência no futuro (precognição). 
Ora, é desse maravilhoso conjunto de manifestações anímicas que os defensores da hipótese espírita logicamente deduzem o que dá motivo às considerações precedentes, isto é, que tudo isto vem demonstrar que, nos recônditos da subconsciência humana, se encontram faculdades psico-sensoriais de ordem muito elevada, que independem da “lei da seleção natural” que, por conseguinte, outros não podem ser senão os sentidos espirituais existentes e preformados, em estado latente nessa subconsciência humana, esperando emergir e exercer-se num meio espiritual, após a crise da morte, como no embrião existem pré-formados, no estado latente, os sentidos da vida terrestre, esperando emergir e exercer-se no meio terrestre, após a crise do nascimento.

Não há quem possa deixar de compreender que as três conclusões a que chegam os defensores da hipótese espírita, de que uma é o complemento da outra, cumulativamente equivalem a uma demonstração rigorosamente experimental da existência no homem: de um espírito independente do corpo, organizador do corpo e sobrevivente à morte deste mesmo corpo – demonstração que para se tornar incontestável e definitiva só espera a quarta conclusão complementar a tirar-se dos fenômenos espíritas propriamente ditos.

Tal a base indestrutível sobre a qual se apóia a hipótese espírita, sob o ponto de vista anímico, das manifestações metapsíquicas.
Não vejo aqui oportunidade de enumeração da gradação fenomênica, seguida no estudo das manifestações espíritas, propriamente ditas. Com efeito, uma vez provado que no homem existe independente do corpo um espírito que sobrevive à morte deste mesmo corpo, as conclusões a que se chega pela teoria espírita não são mais do que o corolário inevitável das premissas em foco.
Para validade de qualquer tese ou teoria, como para a solidez de qualquer construção material, tudo depende dos fundamentos, e dado nos foi ver que os fundamentos em que se firma aquela hipótese, graças aos fenômenos anímicos, são de uma solidez a toda prova, embora os opositores se quisessem servir do animismo para demonstrar o erro das teses espíritas.

terça-feira, 10 de março de 2015

106) Acerca dos fenômenos de ectoplasmia ou teleplastia (ou seja, de materialização parcial ou total)

Barão von Notzing
 
Dr. Eugène Osty

     Comecemos por um trecho do pai da Antropologia Criminal, o médico, psiquiatra e criminologista italiano César Lombroso. Ele escreve:      
     Sir Oliver Lodge compara os fenômenos de materialização aos do molusco que pode extrair da água a matéria da sua concha, ou ao animal que pode assimilar a matéria da sua nutrição e convertê-la em músculos, pele, ossos, penas. E assim esta entidade viva, que não se manifesta ordinariamente aos nossos sentidos, se bem esteja em relação constante com o nosso universo psíquico, possuindo uma espécie de corpo sutil (melhor diremos -- radiante), pode utilizar temporariamente as moléculas terrestres que a circundam (especialmente aquelas subtraídas ao organismo do médium que geralmente está profundamente adormecido, perdendo transitoriamente parte do seu peso e, ao que tudo indica, do próprio volume corporal), para confeccionar uma espécie de estrutura material capaz de manifestar-se aos nossos sentidos.     
     (Hipnotismo e Mediunidade, 1ª ed. FEB).     
     
     Vejamos o que nos diz, sobre esses fenômenos, o pranteado mestre da Sorbonne e Prêmio Nobel de Medicina, Prof. Dr. Charles Richet, o criador da Metapsíquica (atual Parapsicologia):    
     

     Eu poderia citar numerosíssimos casos, mas me contentarei em indicar somente alguns, retornando ao meu "Tratado de Metapsíquica", aos trabalhos de Flammarion, de Gabriel Delanne, de Bozzano e de Sudre. 

1) São, em primeiro lugar (e sempre) as admiráveis experiências de Sir William Crookes que devemos relatar. Ele viu, tocou, fotografou Katie King, que tinha todas as aparências de uma pessoa real. Ele estava com a médium, Srta. Florence Cook, em seu próprio laboratório e pode observar Katie King ao mesmo tempo que Florence Cook. Pode até ouvir as pulsações do coração de Katie. Nada mais comovente que a despedida da misteriosa e fantasmagórica Katie King. Ela anuncia que chegou a hora de partir, sua missão estava cumprida e, dirigindo-se à sua médium Florence Cook, que jazia inanimada no assoalho, desperta-a, dizendo-lhe: --"Acorde, Florence, agora preciso deixá-la". Florence despertou e, entre lágrimas, suplicou à Katie que ficasse, mas foi em vão. Katie, com seu vestido branco, desapareceu. Sir William aproximou-se então de Florence, prestes a desfalecer, e Katie desapareceu qual fumaça. Nunca mais voltou.     
     Nada satisfaria mais que essa experiência feita por um homem de ciência como Crookes. René Sudre diz, com razão: "Em um Congresso científico, 24 anos depois de suas experiências no campo psíquico, o grande cientista, no apogeu de sua glória, declarou solenemente que nada havia para se retratar de seus experimentos psíquicos. Não se pode distinguir o Crookes do tálio, dos raios catódicos e dos tubos ou ampolas que levam o seu nome, do Crookes de Katie King". 

2) Meu amigo, o Dr. Gibier, sábio eminente, diretor do Instituto Bacteriológico Pasteur de Nova York... (obs.: fato já narrado no artigo 102). 

3) Com o poderoso polonês Frank Kluski, que, infelizmente, consente com relutância em fazer experimentos, meu amigo Gustavo Geley, no laboratório do Instituto Metapsíquico Internacional (IMI), tendo-o despido completamente, vê surgir diferentes formas vivas: uma velha desdentada e enrugada, um oficial polonês de uniforme e quepe, um oficial alemão igualmente de uniforme, com capacete de ponta.      
     Em outra ocasião, Geley e eu obtivemos com ele moldagens em uma parafina, trazida por nós, e caracterizada por uma reação química especial, só por nós conhecida. São moldagens de pés e mãos de crianças, moldagens que se podem ver no IMI, e que não é possível produzir por um artifício mecânico qualquer. 

4) Tive ocasião de observar, em condições de controle irrepreensível, um fantasma que era produzido pela médium Marthe Béraud, na residência do General Noel em Argel, brilhante aluno da Escola Politécnica e Comandante de Artilharia na Argélia. Esse fantasma, que dava o nome ridículo de Bien Boa, pôde, soprando em um tubo que continha água de barita, fazer a água de barita embranquecer, como se tivesse exalado gás carbônico, à maneira de um ser vivo. O fantasma achava-se de pé, diante de Marthe, que estava sentada. Fotografias estereoscópicas demonstrativas foram tiradas. Delanne, os assistentes e eu mesmo vimos, claramente, o fantasma separado de Marthe.     
     Outra vez, em outro experimento, nós todos vimos sair do chão um vapor branco que pouco a pouco se condensou, tomando a forma de um indivíduo vivo, um homem de pequena estatura, vestido com uma túnica oriental. Depois de dar alguns passos titubeantes diante de nós, bem perto de todos, a menos de um metro, desapareceu, abatendo-se sobre o solo com o ruído de clac clac, como se fossem ossos que tombavam. A impressão foi tão clara que desconfiei de um alçapão. Mas constatamos que não havia alçapão algum.      
     Quando esses experimentos foram publicados, alguns jornalistas inescrupulosos de jornais franceses, que nada viram nem nada experimentaram, espalharam que tudo foi uma grande fraude, que eu fui ridiculamente embrulhado. A falar verdade, não era só eu, mas o General Noel, de quem já falei, o Sr. Demadrille, comandante de navio, o Sr. Decréquy, o engenheiro Gabriel Delanne.      
     Mas qual foi o erro? Oh, bem simples. O General Noel tinha um cocheiro árabe, chamado Areski, que roubava a aveia dos cavalos, e a quem ele teve que despedir. Então, para vingar-se, Areski contou que entrava na sala das sessões, um tanto clareada, fechada à chave, e examinada por nós minuciosamente, antes e depois das sessões. E disse que bancava o fantasma. E como teve a sorte de encontrar um médico enigmático de Argel, que acolheu os seus ditos, conseguiu aparecer num teatro daquela cidade e mostrar-se em cena, agitando um pano branco, como nos Sinos de Corneville. Eis tudo o que se opôs às minhas experiências.     
     
     Experimentos ulteriores, aliás, reabilitaram essa Marthe, a quem acusavam de grosseira burla. Ela foi estudada com admirável cuidado pelo Barão Albert von Schrenck-Notzing, pela Sra. Juliette Bisson, pelo Dr. Geley, pelo Dr. Bourbon, e outros. Foram tiradas várias fotografias que mostraram as espantosas ectoplasmias de Marthe. Revestiam-na de roupas costuradas especialmente para ela. Exploravam tudo. Por vezes, mesmo, levaram o controle experimental até administrar-lhe um vomitório, para que se ficasse certo de que nada tinha no estômago. Detetives foram incumbidos de espreitá-la, sem nada encontrar. Durante dois anos, von Notzing e Bisson obtiveram fenômenos extraordinários e publicaram, num grosso volume, as belas provas e fotografias obtidas.     
     
     Passemos rapidamente por outros fenômenos de ectoplasmia.     
     Houve Willy Schneider, médium austríaco, sobre o qual o já citado Barão von Notzing realizou experiências positivas, severas, reiteradas, para as quais convidou cientistas, escritores, médicos, intelectuais diversos. Todos firmaram um documento, reconhecendo a autenticidade dos fenômenos. Ao todo, 58 pessoas assinaram o documento, autenticando a realidade dos fatos observados, e reafirmando a inexistência de fraudes, graças às precauções observadas pelo Barão (ver o livro do Dr. Carlos Imbassahy, "O Espiritismo à Luz dos Fatos", 5ª ed., FEB, 1998, pág. 89).    
     

     Houve Jean Guzik, médium polonês, que foi examinado no Instituto Metapsíquico Internacional (IMI), por vários cientistas, entre os quais o Dr. Gustavo Geley, e sobre cujos fenômenos (de telecinésia e ectoplasmia), 34 pessoas influentes, da elite parisiense, assinaram um documento, garantindo a autenticidade dos fenômenos observados e a impossibilidade da existência de fraude por parte do médium, devido à rigorosa fiscalização implementada (C. Imbassahy, obra citada, pág. 96).       
     
     Houve Rudi Schneider, irmão de Willy, que foi examinado, também no IMI, pelo Dr. Eugène Osty e seu filho, o Engº Marcel Osty, acompanhados por vários cientistas, com o emprego, inclusive, de raios infravermelhos a fim de averiguar as emanações psíquicas oriundas do corpo do médium, e que deu resultados conclusivos, levando à segurança absoluta, afirma o Dr. Osty, da existência dos fenômenos de ectoplasmia. (C. Imbassahy, obra citada, pág. 92).      
     
     Os fantasmas verdadeiros têm uma realidade objetiva, com roupas, um uniforme, um boné, rendas, etc.. Os olhos movem-se, a voz é ouvida, há exalações de gás carbônico. Todos os assistentes podem vê-los, eles podem ser fotografados e movem objetos. Nenhuma diferença entre esses fantasmas e um ser vivo, a não ser que, algumas vezes, eles se atenuem e desapareçam. Formam-se de um vapor, reduzem-se depois a vapor, e se desvanecem. Enfim, os fantasmas não são somente seres humanos; mostram-se vestidos, havendo portanto materialização de objetos materiais. Katie King, antes de partir, deu fragmentos do seu vestuário que, depois, soube recompor.      
     Não há somente materialização de pessoas, também há materialização de animais. De minha parte, com Guzik, consegui uma que foi realmente espantosa.     
      Em Varsóvia, numa sala fechada à chave, apareceram, iluminadas pelo luar, duas formas de indivíduos fantasmagóricos, dos quais não se viam as faces. Conversavam entre si em polonês. Um disse: -- "Por que trouxeste teu cão?". Nesse momento, ouvimos na sala o trote de um cão. Senti o cão aproximar-se de mim e morder gentilmente meu tornozelo, sem, contudo, me machucar. Foi tão nítido que pude distinguir ser um pequeno cão do qual eu sentia os pequenos dentes pontiagudos. Depois o cãozinho aproximou-se de Geley e mordeu-o com mais força, de sorte que Geley disse: -- "Chega, chega!", ao que censurei energicamente. Deveria ter dito: -- "Mais, mais!"     
     Outra vez, Kluski sendo o médium (em minha ausência), houve materialização de uma enorme águia e uma surpreendente fotografia foi tirada. Também com Kluski, Geley viu um homem primitivo com uma crina e barba espessa, a emitir sons roucos, exalando um odor de louro e roçando as mãos dos assistentes.

Notas:
1ª) Os textos do Prof. Richet, eu os extraí dos seus livros: "A Grande Esperança", "Tratado de Metapsíquica", e do discurso que pronunciou ao retirar-se, por limite de idade, de sua cátedra na Sorbonne.

2ª) Nos trechos que extraí de trabalhos do Prof. Richet, há apenas uma pequena síntese. Muitos outros fenômenos de materialização podem ser encontrados nas obras de Alexandre Aksakof ("Animismo e Espiritismo" e "Um Caso de Desmaterialização"), de Ernesto Bozzano ("Metapsíquica Humana"), de Carlos Imbassahy ("O Espiritismo à Luz dos Fatos"), de César Lombroso ("Hipnotismo e Mediunidade"), de Alfred Erny ("O Psiquismo Experimental"), de Wallace Leal Rodrigues ("Katie King"), de R. A. Ranieri ("Materializações Luminosas"), de Nogueira de Faria ("O Trabalho dos Mortos"), etc.. Quem desejar, pode consultar o trabalho original de Crookes, "Fatos Espíritas", edição da FEB.