sexta-feira, 4 de junho de 2010


Léon Denis


1)20 Mar 2010
As Bases da Doutrina Espírita

As bases da Doutrina Espírita são, indiscutivelmente, as obras de Allan Kardec, isto é, as obras da codificação, pois, como todos sabem, Kardec foi o codificador da Doutrina Espírita. Essas obras são "O Livro dos Espíritos" (1857), "O Que é o Espiritismo" (1859), "O Livro dos Médiuns" (1861), "O Evangelho Segundo o Espiritismo" (1864), "O Ceu e o Inferno" (1865), "A Gênese" (1868) e "Obras Póstumas" (1890).
Desejo fazer aqui uma pequena e bela síntese da doutrina codificada por Kardec, e me valho, para isso de um texto de Léon Denis, continuador de Kardec relativamente à parte filosófica da doutrina:

"Em resumo, os princípios que decorrem do novo espiritualismo (como dizem os ingleses e norteamericanos) _ princípios ensinados por Espíritos desencarnados, em muito melhores condições do que nós para discernir a verdade _ são os seguintes:

1) Existência de Deus: inteligência diretriz, alma do Universo, unidade suprema onde vão terminar e harmonizar-se todas as relações, foco imenso das perfeições, donde se irradiam e se espalham no infinito todas as potências morais: Justiça, Sabedoria, Amor!

2) Imortalidade da alma: essência espiritual que encerra, no estado de germe, todas as faculdades, todas as potências; é destinada a desenvolver estas pelos seus trabalhos, encarnando em mundos materiais, elevando-se por vidas sucessivas e inumeráveis, de degrau em degrau, desde as formas inferiores e rudimentares até a perfeição, na plenitude da existência.

3) Comunicação entre os vivos e os mortos: ação recíproca de uns sobre os outros; permanência das relações entre ambos os mundos; solidariedade entre todos os seres, idênticos em origem e nos fins, diferentes somente em sua situação transitória; uns no estado de Espírito, livres no espaço, outros revestidos de um invólucro perecível, mas passando alternadamente de um estado a outro, não sendo a morte mais que um tempo de repouso entre duas existências terrestres.

4) Progresso infinito: Justiça eterna, sanção moral; a alma, livre em seus atos e responsável, - edifica por si mesma o seu futuro; conforme seu estado moral, as energias grosseiras ou sutis que compõem seu "duplo psíquico" (ou "perispírito") e que atrai a si pelos seus hábitos e tendências, essas energias, submetidas à lei universal de atração e gravidade, a arrastam para essas esferas inferiores, para esses mundos de dor onde ela sofre, expia, resgata o passado, ou então a levam para esses planos felizes onde a matéria tem menos império, onde reina a harmonia, a bem-aventurança; a alma, na sua vida superior e perfeita, colabora com Deus, forma os mundos, dirige suas evoluções, vela pelo progresso das Humanidades e pelo cumprimento das leis eternas.

Tais são os ensinos que o Espiritismo experimental nos traz. Não são outros senão os do Cristianismo primitivo, desprendidos das formas materiais do culto, despojados dos dogmas, das falsas interpretações, das interpolações, dos erros com que os homens velaram e desfiguraram a pura e sublime filosofia do Cristo". (Léon Denis, O Porque da Vida, ed. FEB, 1970, trad. de João Lourenço de Souza).

Se nós, em realidade, tivemos várias existências, por que não nos lembramos delas? Neste ponto, utilizo-me de um texto do Dr. Gustave Geley, que além de ser um filósofo, estudou profundamente a parte fenomenológica ou experimental da Doutrina Espírita. Diz ele:

"Os estudos da Psicologia no que tange à nossa vida presente provam-nos a possibilidade da perda transitória (ou, às vezes, permanente), da memória do passado, antigo ou recente. Não é de se admirar, pois, a perda da memória das nossas vidas anteriores. Aliás, os esquecimentos aparentes são constantes no decorrer da nossa vida normal. E, ao despertar, também não é frequente nos recordarmos da maior parte dos nossos sonhos. Por outro lado, ao longo da nossa vida, só nos lembramos dos acontecimentos mais importantes. A maioria dos fatos que nos têm impressionado os sentidos desaparecem-nos da memória; mas, na realidade, mantêm-se integralmente e podem reaparecer, como nos mostram as experiências feitas através do Hipnotismo. Notemos o esquecimento dos fatos verificados durante os próprios fenômenos hipnóticos, que provam claramente a obnubilação do Espírito que resulta da sua união com o corpo. O Espírito (ou uma fração dele), ao entrar de novo no corpo, perde a lembrança dos fatos ocorridos durante o sono hipnótico, da mesma forma que perde a lembrança do passado, ao reencarnar em novo corpo".
"No entanto, podemos demonstrar que tal esquecimento é verdadeiramente necessário para nós, pois nos permite não só o desenvolvimento em outros meios, como também a execução de trabalhos diferentes dos que antes havíamos realizado. Este esquecimento ainda nos permite não sermos molestados ou prejudicados por recordações penosas, comparações deprimentes, inimizades profundas, humilhações anteriores (de nós para outros, ou vice-versa), rancores passados. Ele é indispensável a fim de evitar a tendência rotineira de ocupações iguais, afastar-nos dos hábitos adquiridos, favorecer e ativar a nossa evolução". (Gustave Geley, Resumo da Doutrina Espírita, ed. LAKE, 1975, trad. de Izidoro Duarte Santos).

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