sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ernesto Bozzano


9)01 Abr 2010
Materializações Ectoplásmicas e Implicações Filosóficas das Mesmas (2)

Demos a palavra ao grande mestre da Ciência da Alma, o "primus inter pares" na análise e dissecação dos fenômenos paranormais, o eminente filósofo Ernesto Bozzano.

"O ilustre psiquista francês Paul Le Cour escreveu um longo artigo nos Anais das Ciências Psíquicas, intitulado Nebulosas Ectoplásmicas (ou Mediúnicas) e Nebulosas Astronômicas. (Obs: Ectoplasma é o termo cunhado pelo prof. Richet para designar a substância orgânica emanada do corpo de alguns poderosos médiuns de efeitos físicos, quando se encontram em estado de profundo transe mediúnico). Nesse artigo, ele assinalou, de modo impressionante, as analogias existentes entre as modalidades de produção, condensação e transformação das nebulosas ectoplásmicas e as múltiplas formas de condensação das nebulosas astronômicas, nas quais se observa um movimento rotatório em torno do centro de gravidade do sistema, formas espiraloides e esferoidais predominantes, emissão de energia luminosa e outras na obscuridade, até formar corpos sólidos por condensação progressiva. O mesmo se dá com as nebulosas ectoplásmicas. Daí se conclui que se é verdade - e verdade incontestável - que a força atuante nas nebulosas ectoplásmicas provém da vontade subconsciente do médium, a força das nebulosas astronômicas deve provir da Vontade de uma Inteligência Infinita, imanente e eternamente operante no Universo.
Mas, se admitirmos que a causa original das nebulosas ectoplásmicas é a vontade do médium e que elas são constituídas de materiais tirados do organismo deste, é preciso então, para continuar o paralelismo, avançar as duas proposições seguintes:
1ª) As nebulosas astronômicas são também ideoplastias criadas pela vontade de um ser consciente, infinitamente mais poderoso do que o médium humilde, gerador de materializações;
2ª) Esse SER forma também, da sua própria substância, as nebulosas geradoras dos mundos.

Ora, não posso esquivar-me à surpresa de constatar que, entre tantos sistemas, um haja e precisamente o mais antigo, rejeitado e retomado sucessivamente através dos séculos, que se adapta perfeitamente às hipóteses agora atingidas. Quero falar da velha doutrina panteísta, que encontramos originariamente na história da filosofia, dessa velha doutrina dos Vedas, segundo a qual a força única, denominada Brama pelos hindus, é a causa única do Universo, que não passa de produto da ideação divina, força que, manifestando-se em tudo, incessantemente, não deixa de existir em si e por si mesma. Todas as coisas viriam de Brama e, findo o seu ciclo, retornariam a Brama.
Seguindo a filiação dessas ideias, desde os tempos mais prístinos até os modernos, encontrâmo-las entre os Estoicos, que divinizavam a natureza; em Plótino, Jâmblico e Próclus, declarando que Deus é tudo e tudo é Deus, não passando as criaturas de emanações da Divindade, e no próprio S. Paulo quando afirma que n'Ele vivemos, estamos e nos movemos.
Mais tarde, é Giordano Bruno e Spinosa, sobretudo este, profundo pensador, liberto de qualquer interesse material; ele nos deu a mais vigorosa expressão do panteísmo. Deus, diz ele, é a única substância que encarna em si tudo quanto existe; é a causa imanente de tudo. A alma é um pensamento de Deus, a Ele idêntico em substância.
Assim, será preciso reconhecer que o panteísmo afigura-se o sistema filosófico mais convinhável para interpretar, de modo accessível às nossas inteligências finitas, o grande mistério do Universo". (Continua).

Obs.: estas considerações foram extraídas de trechos de duas obras do filósofo italiano: Pensamento e Vontade e Os Enigmas da Psicometria.

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