sexta-feira, 4 de junho de 2010



50)19 Abr 2010
A evolução darwiniana não elimina a existência de Deus, diz Flammarion

"Digamo-lo com firmeza: mesmo admitindo, sem reservas, todos os fatos invocados pelos materialistas; mesmo perfilando-nos ao lado de Darwin, Owen, Lamarck, Saint-Hilaire e, sobretudo, com estes (porque há sempre gente mais realista do que o rei), para supor que os olhos, os ouvidos, os sentidos, os homens, os animais, seres e plantas vivos, em suma, se tenham formado pela ação permanente de uma força natural, nem por isso se provaria a inexistência de Deus, e, sim, ao invés, que Deus existe. Somente, o que se dá é que, em vez de se nos revelar como pedreiro, ele se nos antolha como arquiteto. E com isso, cremos, nada perde, ao contrário, ganha."
"Em nosso estudo geral da Força e da Matéria (feito no tomo 1), acompanhamos essa metamorfose da idéia de Deus. Do ponto de vista da destinação dos seres e das coisas, a idéia correlativa sofre a mesma progressão; longe de enfraquecer a antiga beleza do plano criador, ela o desenvolve e reforça grandemente. Se, em vez de uma mão a construir o protótipo de cada espécie animal e vegetal, admitirmos uma força íntima, aplicada à matéria, isso em nada afeta a idéia de uma inteligência criadora e da finalidade da Criação. Porque, na verdade, é preciso cerrar preconcebidamente os olhos, para que se não veja nessa força íntima da Natureza, o efeito de um pensamento inteligente. É preciso ser cego para desprezar o indício evidente de uma causa poderosa e eterna que arrasta progressivamente tudo e todos para um ideal superior."
"Pretender que a Natureza se forme de si mesma e progrida instintivamente, numa direção constante para resultados cada vez mais perfeitos, é confessar em parte que ela se encaminha a esse ideal devido a uma causa inteligente. Como poderia a matéria inerte ter tido a idéia de se enformar sucessivamente como vegetal, como animal, como homem, engendrando todos esses órgãos que constituem o ser vivente e conservam a vida atavés dos séculos? Como não reconhecer em tudo isto uma ordem geral? Porque a Natureza não representa um caos de monstruosidades?"
"A toda essas perguntas, respondem-nos com a lei de seleção natural. Explicam todos os problemas repetindo que a Natureza é arrastada a um progresso incessante, que despreza o mau pelo bom e tende sempre a realizar formas mais perfeitas."
"Mas, em suma, que é que vem a ser essa tendência, esse progresso instintivo, essa necessidade de engrandecimento, senão o ato de uma força universal dirigindo o mundo para o ideal? Que significa essa marcha simultânea de todos os seres para a perfeição, senão a revelação eloquente de uma causa, que sabe onde e como conduz o carro, sem que a matéria servil pudesse jamais opor-lhe o mínimo obstáculo?"
(Camille Flammarion, Deus na Natureza; Tomo 4, Destino dos Seres e das Coisas, cap.1, Plano da Natureza - Construção dos Seres Vivos, ed. FEB, 1959, trad. de M. Quintão).

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