sexta-feira, 4 de junho de 2010



43)14 Abr 2010
Última Carta de Charles Richet a Ernesto Bozzano, em que Richet aceita a sobrevivência

O texto que segue abaixo é extraído do livro "Silva Mello e os seus Mistérios", de autoria do Dr. Sérgio Valle (ed. LAKE, 1959, cap. X, pág. 394). Sob a rubrica Richet aceita a sobrevivência, escreve o autor:

Richet e Bozzano mutuaram-se influências e estímulos durante mais de 40 anos. Na "Revue Spirite" (fev. de 1939), o filósofo italiano confessou que foi através dos "Annales de Sciences Psychiques", dos quais Richet era o orientador e Darieux o diretor, que travou conhecimento com a fenomenologia paranormal. Leu os artigos iniciais de Richet e leu a refutação de Rosembach, na "Revue Philosophique" do Prof. Ribot. Foram justamente os argumentos fragílimos e insubsistentes de Rosembach que lhe despertaram o interesse inicial pelo assunto, levando-o à convicção contrária à do opositor de Richet. (Formou então um seleto grupo de experimentadores, criando o renomado Círculo Científico Minerva, de Gênova, que ficou conhecido em toda a Europa pelas experiências com a famosa Eusápia Paladino, e outros médiuns menos conhecidos; tais experiências duraram de 1891 a cerca de 1899). Ao mesmo tempo, leu os principais livros publicados, até então, em toda a Europa e EUA, sobre o assunto. Daí partiu em busca da convergência das provas, através da análise comparada dos fatos que caracterizam cada tipo de fenômeno, "critério decisivo em qualquer pesquisa científica", segundo suas próprias palavras.
Ao término do estudo e das experiências, desfêz-se-lhe a síntese filosófica materialista, laboriosamente conquistada através de Büchner, Moleschott, Vogt, Feuerbach, Morselli, Tanzi, Sergi, Ardigo, Haeckel, Huxley, Comte, Taine, Guyau, Le Dantec, e de seu ídolo maior -- o filósofo agnosticista Herbert Spencer.
Richet, indiretamente, iniciou Bozzano nos estudos metapsíquicos (ou parapsicológicos). Enfrentaram-se, mais tarde, várias vezes, em polêmicas serenas e elevadas. E foi Bozzano que colheu a confissão final e confidencial de Richet, poucos meses antes de sua morte. Em respeito à palavra confidencial, essa carta só foi publicada por Bozzano após o desencarne de Richet; fê-lo na revista "Psychic News", de 30/05/1936. Eis, na íntegra, o teor da missiva:
Meu caro e eminente colega e amigo:
Sou inteiramente do seu parecer: não creio, com efeito, na explicação simplista segundo a qual os acontecimentos da nossa existência e a direção da nossa vida são provocados exclusivamente pelo acaso, embora não seja possível apresentar prova nesse sentido. O Fado existe, o que equivale a dizer: uma Força que nos guia e conduz aonde bem lhe pareça, por vias indiretas, tortuosas e muitas vezes bizarras. E também, fora da direção da vida, há coincidências tão estonteantes que é bem difícil não se veja a obra de uma intencionalidade. (De quem? De que?)...
E agora, abro-me a você, de modo absolutamente confidencial. O que você supunha é verdade. Aquilo que não conseguiram Myers, Hodgson, Hyslop e Sir Oliver Lodge, obteve-o você por meio de suas magistrais monografias, que sempre li com religiosa atenção. Elas contrastam, estranhamente, com as teorias obscuras que atravancam a nossa ciência.
Creia, peço-lhe, nos meus integrais sentimentos de simpatia e de gratidão.
Charles Richet.
E Bozzano conclui: "É, para mim, profundamente animador saber que finalmente venci, porque Richet morreu convencido da verdade da sobrevivência".

Um comentário:

  1. Bom dia, você já viu que o "parapsicatólico" contesta essa carta de Richet, veja o livro "Palavra de Iahweh e o Espiritismo". São Paulo: Loyola, 2003.
    Abraços
    Paulo Neto
    www.paulosnetos.net

    ResponderExcluir