sábado, 17 de dezembro de 2011

72) Como se processa o fenômeno reencarnatório (2ª parte)


 Continuando o texto anterior, valer-me-ei agora da citação de três obras do grande mestre da Ciência da Alma, o filósofo Ernesto Bozzano: Metapsíquica Humana, Seleções, e Pensamento e Vontade. Escreve o mestre italiano:
    
     "A origem da vida é presidida por uma misteriosa força organizadora, imanente no perispírito ou duplo psíquico, comum a todos os seres vivos, a qual, no plano da existência encarnada, age automática e mecanicamente, sem que necessite do concurso intencional dos seres que ela vai plasmando. Explico-me melhor: provavelmente, no momento da concepção, o ser reencarnante deflagra um processo que, uma vez iniciado, segue contínua e independentemente, pelo qual a força organizadora vai agindo automaticamente na organização e plasmação das diversas partes do corpo físico, a partir da primeira célula viva (célula ovo ou zigoto), com as criações fluídicas perispirituais precedendo sempre o desenvolvimento corporal, que vai acompanhando, sucessivamente, as tramas fluídicas contidas no perispírito, até a formação completa do organismo e seu nascimento, não sendo necessária a ação permanente e consciente do espírito reencarnante, após a deflagração do processo organizador inicial." (Obs. minha: em Física isto se chamaria "reação em cadeia" que só necessita de um impulso inicial e depois segue, automaticamente, por si própria, como acontece nos reatores nucleares).
     

     Em sua obra "Pensamento e Vontade", Bozzano escreve:
     "A força organizadora, imanente no perispírito, que regula a origem e a evolução das espécies vegetais, animais e humanas, de forma oculta e automática (grifo meu) no ambiente terrestre, exterioriza-se numa forma fluídica que precede à criação corporal, cujas fases ulteriores de desenvolvimento são igualmente precedidas pelas tramas fluídicas correspondentes e destinadas a servirem de modelo, em torno do qual deverá, gradualmente, condensar-se, por lei de afinidade, a matéria viva, que atinge a individualidade vegetal, animal e humana, graças à nutrição fisiológica."
     

     Para completar, Kardec e Denis ensinam que, ao passo que o desenvolvimento embrionário, no ventre materno, segue o seu curso, a consciência do reencarnante vai se obnubilando paulatinamente até que, no momento do nascimento, o obscurecimento da conscência é total. No entanto, o ser reencarnado traz no seu insconciente espiritual, sob a forma de qualidades e defeitos, o somatório geral de todas as experiências vividas nas encarnações anteriores.
    

71) Como se processa o fenômeno reencarnatório (1ª parte)


Em artigo anterior (nº 14), procuramos mostrar de que se constitui, para nós, o ser humano encarnado:

1) O corpo físico: é formado pelos elementos químicos conhecidos pela Química terrestre, notadamente carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, além de vários outros.

2) O duplo psíquico ou perispírito: é uma duplicata exata do corpo físico, porém formado de uma matéria ainda desconhecida pela Química terrestre. O seu nível de mente é o que chamamos de Espírito propriamente dito (emanação divina), inteiramente inacessível à nossa mentalidade. (Alguns chamam o perispírito de corpo espiritual).

3) A energia irradiada pelos filamentos nervosos dos seres vivos (energia nervosa ou energia vital), que serve de ligação entre o duplo psíquico e o corpo físico. Ela é, fundamentalmente, a responsável pela reparação das partes lesadas do corpo fisico, e grande parte dela é liberada para o ambiente durante o seu desencarne.
     
     Após tais considerações, citaremos a opinião de um dos grandes seguidores do mestre Kardec, o engenheiro Gabriel Delanne, que começou o aprofundamento da parte científica da Doutrina Espírita. Em seu livro "A Reencarnação" (inigualável, para mim, até hoje, não obstante as obras mais atuais que surgiram), diz o grande autor:
     "Está perfeitamente demonstrado que nas sessões de materialização se forma um ser estranho aos assistentes, e que é objetivo, porque todo mundo o descreve da mesma maneira; porque é possível fotografá-lo; porque deixa impressões digitais ou moldagens dos seus órgãos; porque age fisicamente, deslocando objetos; porque pode falar ou escrever. Este ser possui, pois, todas as propriedades fisiológicas de um ser humano comum e faculdades psicológicas."
     "Não se trata de um desdobramento do médium, não só porque dele difere em todos os pontos de vista, mas também porque costumam aparecer, simultaneamente, vários Espíritos materializados. Ademais, tem-se, por vezes, verificado que o médium, acordado, conversa com a aparição. Em outras ocasiões, o mesmo Espírito materializa-se, de maneira idêntica, com médiuns diferentes, e enfim, sua identidade é frequentemente estabelecida pelos que o conheceram."
     "Uma vez que o perispírito (ou duplo psíquico) possui a faculdade, após a morte, de materializar-se, reconstituindo integralmente o organismo físico que aqui possuía, somos levados a supor que, no instante do nascimento, é ele que forma seu invólucro corporal, o qual não passa de uma materialização estável e permanente, enquanto nas sessões experimentais ela é apenas temporária, porque produzida fora das vias normais da geração. É lógico, pois, supor que o corpo espiritual possui, em si, o estatuto das leis biológicas que regem a matéria organizada e preside a organização e manutenção do corpo terrestre."
     "Se realmente existe no homem um segundo corpo, que constitui a trama invisível, a duplicata perfeita, o modelo imperecível do organismo somático, pelo qual se ordena a matéria carnal, compreende-se que, apesar do turbilhão de matéria que passa continuamente em nós, se mantenha o tipo individual, em meio às incessantes mutações, resultantes da desagregação e da reconstituição de todas as partes do corpo; este é semelhante a uma casa, na qual, a cada instante, se mudassem as pedras em todas as suas partes. O perispírito é o modelo, o arquétipo, que vela pela manutenção do edifício, cujas partes se renovam continuamente, pois essa tarefa não pode, absolutamente, depender das atividades cegas da matéria."
     "Ele contém, igualmente, em camadas sucessivas, o arquivo de todos os tipos físicos que encarnou, em cada uma das suas vidas pretéritas. Pode-se dizer, portanto, que o conhecimento desse duplo psíquico é o fecho de toda a explicação das vidas sucessivas. A cada nascimento, é um ser antigo que reaparece."