sábado, 6 de agosto de 2011

69) A importância dos fenômenos de "bilocação" (ou "desdobramento") para a sobrevivência humana, segundo dois sábios, César Lombroso e Ernesto Bozzano.

             
     Comecemos citando o psiquiatra e criminologista italiano César Lombroso em seu livro "Hipnotismo e Mediunidade" (ed. FEB, trad. de A. Martins de Castro):

     "A realidade da existência dos fantasmas parece menos paradoxal admitindo-se o assim chamado -- duplo do corpo (em inglês -- wraith; em alemão -- doppelgänger; em francês -- double), do qual estão cheias as lendas dos povos antigos e selvagens. Estes, porém, observaram poucos fatos de aparições e de sonhos, enquanto nós, ao contrário, temos, para lhes dar crédito, uma longa série de observações e de provas. Se algumas, tomadas isoladamente, podem ser postas em dúvida, elas adquirem, à semelhança das pedras de uma abóbada, a solidez da sua união recíproca," (_)

     "A existência do duplo psíquico pode-se dizer certa em muitos estados paranormais da psique. O duplo psíquico pode explicar muitos dos fenômenos espiríticos sem recorrer aos Espíritos dos mortos, substituindo a ação destes pela do médium, cujo corpo ou parte dele atue a uma certa distância do seu corpo vivo. Talvez ao duplo pertençam também aqueles membros mais ou menos formados que se vêem sair do corpo, das costas ou saia da médium e que deram, tão frequentemente, origem a suspeitas de truque."
     "Este fenômeno do duplo psíquico explica ainda a visão e a percepção que o médium tem de quanto acontece no recinto, em plena escuridão; explica talvez o estranho fenômeno da transposição dos sentidos, pelos quais o paciente vê pela orelha, olfata pelo joelho, ouve pelo antebraço (ver cap.1); explica, em suma, um dos fenômenos mais inexplicáveis da psicofisiologia. Pode explicar ainda a visão dos sonâmbulos e dos médiuns a distância e através dos corpos opacos, e como possa ser desdobrado ou bilocado o corpo de um adormecido, de um agonizante ou de um extático a uma grande distância dele."
     "E, como indicamos, o duplo psíquico nos põe no caminho de compreender como possam existir corpos sutis que apresentam, ao menos por algum tempo, todas as faculdades do corpo vivo. O duplo, pois, deve ser considerado quase como um elo de conjunção entre o médium e o Espírito dos mortos. Mas a ação deste parece que se perpetua indefinidamente, enquanto a do duplo não se prolonga além do estado agônico, e não está jamais em contraste, antes em continuidade com a ação do vivo, enquanto a ação dos mortos é amiúde autônoma, frequentemente em contradição com a ação do médium."
     "E, com frequência, o Espírito aparece como um fantasma diferente do médium, o que não acontece com o duplo, e comumente provoca fenômenos e energias, como a materialização, a percepção do futuro, a xenoglossia, a escrita direta, e com os caracteres próprios do morto, energias estas que o médium, sozinho, não pode possuir."

     Citemos agora o filósofo e psicólogo italiano Ernesto Bozzano em suas obras "Animismo ou Espiritismo?" (ed. FEB, trad. de Guillon Ribeiro) e "Fenômenos de Bilocação" (ed. Calvário, trad. de Francisco Klors Werneck):

     "Pela denominação genérica de "fenômenos de bilocação" se designam as múltiplas modalidades sob que se opera o misterioso fato do "desdobramento psíquico" do organismo corpóreo. Daí vem que os fenômenos de bilocação revestem fundamental importância para as disciplinas parapsicológicas, porquanto servem a revelar que as manifestações "anímicas", conquanto inerentes às funções do organismo físico-psíquico de um vivo, têm como sede um certo quê, qualitativamente diverso do mesmo organismo. Assumem por isso um valor teórico resolutivo para a demonstração experimental da existência e sobrevivência do espírito humano."
     "Por outras palavras: os fenômenos de bilocação demonstram que no "corpo somático" existe imanente um "duplo psíquico" (ou "perispírito") que, em circunstâncias raras de diminuição vital nos indivíduos (sono fisiológico, sono hipnótico, sono mediúnico, êxtase, delíquio, narcose, estados comatosos), é suscetível de afastar-se temporariamente do corpo somático, durante a existência encarnada. Inevitável, pois, a inferência de que, se o duplo psíquico é suscetível de separar-se temporariamente do corpo somático, conservando íntegra a consciência de si, forçoso será concluir-se pelo reconhecimento de que, quando aquele se separar deste definitivamente pela crise da morte, o duplo psíquico continuará a existir, em condições apropriadas de ambiente, o que demonstra que a sede da consciência, da memória integral e das faculdades de ordem paranormal estão situadas no Eu espiritual, que é o nível de mente do duplo psíquico ou períspirito." (Observação minha: o duplo psíquico ou perispírito seria, por assim dizer, o "corpo" do Espírito, do Ser inteligente, o que é confirmado pelo próprio Kardec). (_)
    
     "Se aplicarmos os processos de análise comparada às centenas e centenas de episódios desse gênero, onde todas as gradações que lhes caracterizam a fenomenologia se apresentam de modo a fazer ressaltar as modalidades por que se determina o fenômeno de exteriorização do "duplo psíquico", veremos desaparecer, por completo, qualquer dúvida sobre a objetividade do mesmo, diante do afastamento, então inevitável, das hipóteses "oníricas" e "alucinatórias", únicas que se poderiam opor a fenômenos dessa ordem. Essas conclusões decorrem das considerações que se seguem."
     "Em primeiro lugar, devemos considerar que as diferentes gradações por que os fenômenos de "bilocação" se apresentam, não só entre si se completam, como se confirmam de modo admirável. Logo de início se apresentam os fenômenos ditos de "sensação de integridade" de um membro amputado, em que, se conseguirmos distrair a atenção do paciente, ele experimenta as sensações todas que o membro deveria acusar, se ligado ainda estivesse ao corpo. Seguem-se os casos de "desdobramento incipiente" nos atacados de hemiplegia, os quais, por vezes, percebem, no lado paralítico, uma secção longitudinal do seu próprio fantasma e afirmam que essa secção possui a integridade sensorial que lhes foi tirada. Aparecem em seguida os casos de desdobramento apenas esboçado, em que a pessoa percebe o seu próprio fantasma a distância, continuando embora a guardar integral a própria consciência (desdobramento autoscópico). Veremos depois aqueles em que a consciência pessoal se transfere para o fantasma, que percebe, então, à distância, o próprio corpo inerte ou adormecido, casos altamente sugestivos, em que, muitas vezes, repontam as faculdades de ordem paranormal. Seguem-se os casos de desdobramento durante o sono natural, durante o sono provocado, durante a síncope, durante o coma, e ainda aqueles em que o fantasma desdobrado de um vivo adormecido é visto por terceiros, situados à distância, e finalmente os casos em que o fenômeno de desdobramento psíquico se produz no leito de morte e é percebido por sensitivos, desde os povos antigos e selvagens até os dias de hoje, em que eles relatam continuamente, ignorando as experiências uns dos outros, a reprodução perfeita de um simulacro do corpo somático do moribundo, simulacro esse não só animado e vivo, como assistido por entidades de falecidos, que parecem acorrer com esse objetivo, junto daquele que se extingue. Finalmente, há casos mais raros em que as fases iniciais do desdobramento no leito de morte são percebidas coletivamente por todos os assistentes."
     "Em segundo lugar, as hipóteses oníricas e alucinatórias devem ser excluídas, pois os fenômenos de bilocação no leito de morte são constantemente descritos pelos videntes com as mesmas minuciosas modalidades de realização, em que se notam pormenores tão novos, tão inesperados, que, logicamente, não é de se supor possam surgir assim idênticos, na mentaidade de todos os videntes, quer entre os povos civilizados, bárbaros ou selvagens."
     "Em terceiro lugar, porque já se obtiveram, experimentalmente, fotografias de fantasmas desdobrados de vivos (Stainton Moses, Coronel de Rochas, H. Durville, Prof. Istrati) e fotografias de fantasmas no leito de morte, em sua forma rudimentar (Dr. Baraduc). Em consequência, o reconhecimento da realidade objetiva, pela ciência, dos fenômenos de bilocação, comprovando a existência e sobrevivência do espírito humano, não será mais que uma questão de tempo."

     Observação minha: fiz pequenas modificações nos textos acima, sem lhes alterar a substância e o sentido, para atualizá-los e melhor adequá-los aos meus objetivos.