quarta-feira, 29 de outubro de 2014

102) Dr. Paul Gibier, o estudioso dos fenômenos bacteriológicos e psíquicos



     Vejamos os títulos do Dr. Paul Gibier e, a seguir uma breve síntese da atuação científica desse renomado médico e bacteriologista francês (1851-1900), discípulo de Louis Pasteur (1822-1895). Ele foi Diretor do Instituto Bacteriológico Pasteur de Nova York, Ex-interno dos Hospitais de Paris, Ex-Diretor do Laboratório de Patologia Comparada do Museu de História Natural de Paris, Membro da Academia de Medicina e Ciências de Nova York, Membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres, Cavaleiro da Legião de Honra.

Atuação científica: Graduou-se na Univerdidade de Paris (Sorbonne). Em seus estudos e pesquisas sobre o vírus da cólera na Espanha e no sul da França, recebeu uma medalha de ouro por parte do governo francês. À sua memória sobre a hidrofobia e seu tratamento, a Faculdade de Medicina de Paris outorgou a mais elevada recompensa que ela concede às teses que lhe são apresentadas. O governo francês o enviou para as Antilhas e a Flórida, em 1887, e 1888-1889, a fim de envidar estudos e pesquisas sobre a febre amarela. Pelo conjunto dos seus estudos, trabalhos e pesquisas sobre a cólera, a hidrofobia e a  febre amarela, o governo francés lhe concedeu o título de Cavaleiro da Legião de Honra. Em 1890, ele se estabeleceu como Diretor do Instituto Pasteur de Nova York, onde realizou várias pesquisas para a cura de pessoas mordidas por animais raivosos, através da inoculação de novas vacinas e soros. Nos EUA, foi editor da Therapeutic Review. Interessou-se bastante pelos fenômenos psíquicos, e, sobre esse assunto, escreveu três livros, baseados em seus próprios experimentos: "O Espiritismo Ou Faquirismo Ocidental" (1886), "Análise das Coisas" (1890), e "Materialização de Espíritos" (1900). Faleceu nesse mesmo ano, vítima de um acidente com o cavalo em que viajava. Foi um escritor prolífico, também na Medicina. A revista espírita norteamericana "The Banner of Light" classificou a sua "passagem" como uma grande perda para o Espiritismo científico. Em seu testamento, deixou 4.000 francos para o Instituto Pasteur de Nova York.
     
     Demos agora a palavra ao próprio Dr. Gibier:     
     "Nos exames reiterados que fiz dos fenômenos bacteriológicos, inspirei-me sempre nestas palavras de Voltaire: Quando se faz um experimento, o melhor partido a tomar é duvidar-se por muito tempo do que se viu e do que se fêz.     
     "Guiei-me igualmente pelos sábios conselhos dados por meu ilustre mestre Pasteur, em uma carta que me escreveu em 1887, quando eu partia para as Antilhas, a estudar a febre amarela:      
     
     Caro Dr. Gibier:     
     ... Conhecendo os novos métodos aplicados ao estudo das doenças contagiosas, podeis abordar as pesquisas difíceis que ides empreender.    
     Desconfiai principalmente de uma coisa: da precipitação no desejo de concluir. Sede de vós mesmo um adversário vigilante e tenaz. Cuidai sempre de surpreender-vos em falta...     
     Minhas felicitações e um cordial aperto de mão.    
     Louis Pasteur.


     "Somente depois que observei o fenômeno da escrita direta pelo menos quinhentas vezes, foi que me decidi publicar as minhas pesquisas. Demais, achava-me absolutamente fixado a respeito de uma quantidade de fatos da mesma natureza e muito mais extraordinários em aparência."     
     "Acrescentarei que durante cinco anos, antes de estar inscrito na Faculdade de Medicina, estudei tecnicamente a Mecânica, o que auxilia na descoberta de possíveis truques, e também me iniciei nos artifícios dos prestidigitadores. Devo, com efeito, confessar que já pratiquei um pouco a prestidigitação, a fim de melhor surpreender a fraude, caso isso fosse necessário."
                                                   (...)
     
     "Nesta terceira parte, reconhecemos que, além da Matéria e da Energia, existe a Inteligência no mundo, como no ser humano, a menos que se admita seja a inteligência unicamente um produto da matéria, isto é, seja a substância cerebral do homem a única matéria, no universo inteiro, capaz de produzir o que denominamos fenômenos inteligentes."     
     "Resta-me, agora que o raciocínio nos permitiu reconhecer o que denominei o terceiro princípio ou elemento, tanto no Macrocosmo como no homem; resta-me, digo, mostrar este terceiro princípio do homem, princípio livre e independente, aliás, o primeiro em importância. Talvez me seja permitido fazer entrever a persistência deste elemento, isto é, da inteligência consciente sobrevivendo à decomposição da matéria, à qual se achou momentaneamente unida, sob as aparências do corpo humano. Em outros termos: -- mostrar a possibilidade da existência abmaterial (fora da matéria) da inteligência, depois de sua existência comaterial (junto à matéria); tal é o fim a que me proponho."     
     "É uma empresa audaciosa, mas não temerária: hoje nada mais tenho que arriscar, porque depois de haver feito, no intuito de começar esta demonstração, um livro ("O Espiritismo ou Faquirismo Ocidental") que foi lançado no índex científico, tanto em Paris como em Roma, que raio posso eu temer, doravante, exceto os raios do céu?"     (Paul Gibier, "Análise das Coisas", 5ª ed., FEB, págs. 157, 158, 79 e 80).     

     Sem embargo dos seus estudos médicos e dos prêmios que recebeu do governo francês e da Sorbonne, por ter escrito o seu livro sobre o Espiritismo, em que defende a veracidade dos fatos e clama pelo estudo desses fenômenos pela ciência, o Dr. Gibier comprometeu o seu renome científico, e foi afastado das suas funções em sua pátria por puro preconceito científico dos seus colegas acadêmicos. Imediatamente, os Estados Unidos lhe ofereceram o cargo de Diretor do Instituto Bacteriológico Pasteur de Nova York (honra aos norteamericanos por esse gesto). Nas conclusões do seu ousado e último trabalho, publicado no ano do seu passamento, o sábio médico escreve num leve tom de  melancolia, mas não de amargura:      
     "Quando, por ter proclamado um fato, porque julgávamos saber que existia, fecharam-se diante de nós as portas do caminho que nos parecia destinado, e até os nossos mestres, colegas e amigos mais prezados deram ouvidos a baixas calúnias e afastaram-se de nós; quando o nosso donquichotismo nos leva ao exílio e nos faz passar estes 11 anos longe da pátria e de quanto ele encerra de caro para nós, temos por certo, repito-o, alguns direitos à impaciência. Mas, enfim, é chegado o momento em que temos a satisfação de ver a avalanche dos fatos engrossar todos os dias. O que ontem não passava de um foco quase imperceptível, vai irrompendo vigorosamente no campo da ciência."       
     ("Materialização de Espíritos", Editora Eco, pág. 96, trad. de Francisco Klors Werneck).     

     Para dar apenas uma pálida ideia dos fenômenos abordados nesse último livro do Dr. Gibier (informações completas devem ser lidas no original), citaremos o breve resumo que dele fêz o Prof. Charles Richet (Prêmio Nobel de Medicina), nas suas obras "A Grande Esperança" e "Tratado de Metapsíquica". Vejamos:      
     Meu amigo, o doutor Gibier, sábio eminente, Diretor do Instituto Pasteur de Nova York, operando com uma médium notável, a Sra. Salmon, fecha-a em uma gaiola de ferro, no seu próprio laboratório, com um cadeado do qual só ele tem a chave, e sobre o qual apõe vários selos firmados por ele. Vê então sair da gaiola uma mulher esbelta que parece viva. Ela parece 25 anos mais jovem que a Sra. Salmon, e permanece por dois minutos sobre o tablado. Depois, chegam a pequena Mandy, que tem apenas um metro de altura, um homem alto do qual Gibier pôde apertar a mão máscula, vigorosa e musculosa. Passado algum tempo, essa forma desmaterializou-se, desmoronou, precipitou-se, por assim dizer, no chão. Em certa ocasião, a própria médium surgiu do lado de fora, e caiu, quase desmaiada, no assoalho. Em todos esses casos, o cadeado e os selos foram encontrados intactos. Várias outras ectoplasmias, parciais ou totais, foram observadas durante os experimentos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

101) Nascimento, luta pela vida e morte: o ciclo da evolução

     Essas reflexões são extraídas de uma grande obra mediúnica que, várias vezes, tenho citado neste blog:        
   
     "Lá, onde o mundo admira e venera o vencedor a qualquer preço, chamo para o meu lado o homem mais aflito e desventurado e lhe digo: amo-te, irmão, admiro-te, preeleito ser. Onde o mundo apenas respeita a força e despreza o fraco que sucumbido jaz, digo ao humilde e ao vencido: a tua dor é o que há de mais grandioso na Terra, é o trabalho mais intenso, a mais potente criação, pois que a dor faz o homem, lhe burila a alma, soergue-a e plasma, e a lança ao alto, para Deus. Qual dos grandes da Terra te pode igualar? Qual, dentre aqueles que triunfaram das forças terrenas, o que já realizou uma criação verdadeiramente eterna como a tua?
            Não maldigas da dor. Não lhe conheces as raízes distantes, não sabes qual a última onda que, impelida por uma infinita cadeia de ondas, constituiu o teu presente. Num universo tão complexo, no seio de um organismo de forças regido por uma lei tão sábia que nunca falha definitivamente, como podes crer que o teu destino esteja abandonado ao acaso,  e que o momentâneo desequilíbrio que te aflige, parecendo-te injustiça, não seja condição de um equilíbrio mais elevado e mais perfeito? Lembra-te de que, no organismo universal, são absurdos os vocábulos "acaso" e "injustiça". Não pode haver erro, imperfeição, senão como fase  de transição, senão como meio de criação. A alegria e o bem são a lei da vida, ainda que, para se realizarem plenamente, seja necessário se atravessem a dor e o mal... Não maldigais. Se a natureza -- tão econômica, mesmo na sua prodigalidade, tão equilibrada em seus esforços -- permite uma ruptura, qual o é biologicamente a morte, e um desfalecimento em tuas aspirações, qual o é a dor, isso, dentro da lógica do funcionamento universal, somente pode significar que tais fenômenos não exprimem nem perda, nem destruição, mas que guardam em si, ocultas, uma função criadora". (A Grande Síntese, cap.59, Teleologia dos Fenômenos Biológicos, edição da FEB, 1939).

     "Se a natureza guarda suprema indiferença diante da morte, é porque esta, substancialmente, nada destrói, tanto que, apesar das contínuas mortes, a vida prossegue triunfante. A morte nada destrói, nem do que é matéria, nem do que é espírito. A matéria, abandonada, desce de novo a um nível inferior e é apanhada em mais baixo ciclo de vida. O psiquismo retoma o dinamismo e os valores espirituais e ascende, imaterial e invisível, para equilibrar-se no nível que lhe é próprio, por peso específico. Do mesmo modo que com a luz e as cores pinta a natureza os mais maravilhosos quadros e depois, despreocupadamente, deixa se desvaneçam, porque sabe em seguida reconstruí-los de pronto, mais belos ainda, tão rica se sente de beleza, também com a química do plasma, com as forças da vida, com a sabedoria do psiquismo, a mesma natureza modela as mais maravilhosas formas e as deixa murchar e morrer, porque as sabe refazer rapidamente e as refará mais belas, numa infinita prodigalidade de gérmens".
     "A morte, com efeito, não lesa o princípio da vida, que permanece intacto, que antes continuamente rejuvenesce, em virtude dessa renovação contínua através da morte. Se a natureza não teme e não foge à morte, é porque esta é condição de vida e, da sua íntima economia, nada a morte arruina. Sabe a natureza que a substância é indestrutível, que nada nunca se pode perder como quantidade, nem como qualidade; sabe que tudo ressurge da morte: ressurge o corpo no ciclo das trocas orgânicas, e ressurge o espírito  no psiquismo diretor".
     "Nada na natureza se destrói e mesmo a morte, por lei universal, tem que restituir intacto o psiquismo cujos traços inutilmente procurais dali por diante naquele corpo inerte. Não importa que aos vossos sentidos e meios de percepção ele escape no imponderável. Havia um psiquismo animador que agora já não há. Todo o universo, por obediência constante à sua lei, clama que aquele psiquismo não pode ter sofrido  destruição. Vós o vedes desaparecer na morte e reaparecer no nascimento. Como então é possível que o ciclo não se feche, conforme acontece com relação a todas as coisas, reunindo de novo os dois extremos? Assim como o que não morre não pode ter nascido, também não pode morrer o que existia antes do nascimento. Aquilo que não nasceu com o corpo, com o corpo não pode morrer.  Se o espírito nascesse juntamente com o corpo, aí sim, teria que morrer com ele, a fim de fechar o ciclo, e isto nos conduziria ao mais desesperado materialismo". .........
     "Pensai bem: uma tão complexa unidade coletiva, qual a individualidade humana, é o mais alto produto da vida e resume os resultados do maior labor da evolução. Poderia esta, na sua economia íntima, permitir a dispersão dos seus maiores valores? E, depois, porque o testemunho dos sentidos, que vos iludem a respeito de tantas coisas, deveria ter mais força do que o vosso instinto, que vos diz: sou imortal; do que as religiões, do que os fenômenos mediúnicos, do que a lógica dos fatos, do que a voz concorde da humanidade inteira, e de todos os tempos, que vos dizem: sois imortais?". (A Grande Síntese, cap.74, o Ciclo da Vida e da Morte e a sua Evolução).