sábado, 10 de setembro de 2011

70) As comunicações mediúnicas entre vivos provam a realidade das comunicações mediúnicas com os mortos.


    Diz o grande mestre da ciência da alma em seu livro "Animismo ou Espiritismo? Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?", portentosa síntese da sua obra de 40 anos, no cap. III, trad. de Guillon Ribeiro, ed. Feb:
    
     "Não esqueçamos que a denominação de fenômenos mediúnicos propriamente ditos designa um conjunto de manifestações paranormais, de ordem física e psíquica, que se produzem por meio de um sensitivo a quem é dado o nome de médium, por se revelar qual instrumento a serviço de uma vontade que não é a sua. Ora, essa vontade tanto pode ser a de um morto como a de um vivo. Quando a de um vivo atua desse modo, a distância, somente o pode fazer em virtude das mesmas faculdades espirituais que um morto põe em jogo. Segue-se que as duas classes de manifestações resultam de naturezas idênticas, com a diferença, puramente formal, de que, quando elas se dão por obra de um vivo, entram na órbita dos fenômenos anímicos propriamente ditos, e de que, quando se verificam por obra de um morto, entram na categoria, verdadeira e própria, dos fenômenos espíritas. Evidencia-se, portanto, que as duas classes de manifestações são complementares uma da outra, a tal ponto que o Espiritismo careceria de base, dado não existisse o Animismo."
     "A grande importância deste tema consiste em que os casos de comunicações mediúnicas entre vivos, com o se realizarem por processos idênticos àqueles pelos quais se operam as comunicações mediúnicas com os mortos, oferecem a possibilidade de apreender-se melhor a gênese destas últimas, por projetarem luz nova sobre as causas dos erros, das interferências, das mistificações subconscientes que nelas ocorrem; mas, sobretudo, por contribuírem a provar, com rara eficácia, a realidade das comunicações mediúnicas com os mortos, uma vez se considere que, nas comunicações mediúnicas entre vivos, é possível verificar-se a realidade integral do fenômeno, interrogando-se as pessoas colocadas nas duas extremidades do fio. Daí a sugestiva inferência de que, quando no outro extremo do fio se encontra uma entidade mediúnica que afirme ser o espírito de um "morto" e o prove ministrando informações pessoais que todos os presentes ignoram, racionalmente se deveria concluir que na outra ponta do fio há de estar a entidade do morto que se declara presente, do mesmo modo que nas comunicações entre vivos se verifica positivamente que na outra extremidade do fio se acha o vivo que se manifesta mediunicamente." (_)

     "Por outras palavras: se, pelas comunicações mediúnicas entre vivos, nas quais é dado verificar-se a autenticidade dos fenômenos interrogando-se as pessoas colocadas nos dois extremos do fio, fica positivamente demonstrado que a mensagem mediúnica provém do vivo que, distante, se declara presente, então, quando na outra extremidade do fio se acha uma entidade mediúnica afirmando ser o espírito de um morto e provando-o por meio de informações pessoais ignoradas dos assistentes e do médium, legítimo teoricamente se torna inferir-se que na outra ponta do fio deve achar-se, com efeito, a entidade do morto que se declara presente. Noutros termos: para ambas as categorias indicadas se há de excluir a hipótese das personificações subconscientes ou hipnóticas que representariam a personalidade de um morto extraindo informações das recordações latentes nas subconsciências de terceiras pessoas, de que tanto se tem abusado até hoje. Nada, pois, de personificações efêmeras de ordem onírico-hipnótica em relação com as comunicações mediúnicas entre vivos e, em consequência, nada também de semelhante em relação às comunicações com entidades de falecidos que forneçam as reclamadas provas de identificação pessoal." (_)

     "Assinalado esse ponto, apresso-me a acrescentar que a hipótese hipnótica tem que ser eliminada em face da consideração de que com ela não se explicaria a característica fundamental das comunicações entre vivos, característica que é a da conversação que se desenvolve entre o médium e a personalidade subconsciente do vivo distante daquele, conversação que assume aspectos sempre novos e imprevistos, que nada de comum apresentam com as lembranças latentes nas subconsciências de terceiros, porquanto as informações fornecidas, os manifestados estados de ânimo, as características morais, as idiossincrasias pessoais, brotam das perguntas que o automatista dirige à personalidade do vivo que se comunica. Assim sendo, só resta concluir formulando uma proposição tão simples que parece ingênua, e é que, quando uma hipótese se revela impotente para explicar a característica maior de uma dada classe de manifestações, isso significa que ela é inaplicável às mesmas manifestações."

     A fim de conhecer os vários fatos em que o inigualável argumentador (Ernesto Bozzano, filósofo, psicólogo e cientista) embasou a sua tese, conviria consultar a obra citada e outra mais específica: "Comunicações Mediúnicas entre Vivos", Editora Edicel, São Paulo, trad. de Francisco Klors Werneck. (Obs. minha).