quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

103) Os experimentos psíquicos do astrofísico alemão Friedrich Zöllner

Friedrich Zöllner

     Johann Karl Friedrich Zöllner, ou apenas Friedrich Zöllner, como era mais conhecido, foi um famoso astrofísico alemão e professor da Universidade de Leipzig, Alemanha. Foi também membro da Sociedade Real de Ciências da Inglaterra, membro correspondente da Real Sociedade Astronômica de Londres, da Imperial Academia de Ciências Físicas e Naturais de Moscou, membro honorário da Associação de Ciências Físicas de Frankfurt em Main, da Sociedade Científica de Estudos Psíquicos em Paris, e da Associação Britânica de Espiritualistas de Londres. Nasceu em Berlim, a 08 de novembro de 1834 e faleceu precocemente em Leipzig, Alemanha, a 25 de abril de 1882, aos 48 anos de idade, em virtude do súbito rompimento de um aneurisma cerebral. Deixou inúmeros trabalhos na área da astronomia e da ótica física, onde ficou bastante conhecido por suas pesquisas na área da ilusão de ótica. Seu trabalho em ótica, desenvolvido em 1860, foi denominado Ilusão de Zöllner, em que linhas paralelas se mostravam como diagonais. Na área da astronomia ele se destacou provando a teoria de Christian Doppler sobre o efeito do movimento na cor das irradiações eletromagnéticas das estrelas em consequência do desvio das linhas do espectro da luz emitida por estes corpos celestes. Ele inventou um aparelho muito sensível chamado Astrophotometer, capaz de medir essas variações. Em sua homenagem, uma das crateras da lua foi denominada Cratera de Zöllner. Em 1872, foi convidado a ocupar a cátedra de Astrofísica na Universidade de Leipzig. Em Astrofísica, seus principais trabalhos foram "A Natureza dos Cometas", "Esboço de Fotometria Universal dos Céus Estrelados", "Natureza dos Corpos Celestes".
     Zöllner estudou cuidadosamente os fenômenos psíquicos através do médium norteamericano Henry Slade, desenvolvendo uma série de experimentos em sua própria casa, juntamente com outros cientistas (Weber, Fechner, Scheibner, Erdmann, Thiersch, etc.). É preciso ler o seu livro "Física Transcendental" (no original alemão), ou, na tradução brasileira, "Provas Científicas da Sobrevivência" (Edicel, 1966) para se ter uma ideia dos fenômenos observados. Farei um breve apanhado: escrita entre duas lousas hermeticamente lacradas (escrita direta), impressões permanentes de mãos e pés, nós em uma corda cujas pontas foram lacradas juntas, materialização de mãos, desaparecimento e posterior reaparecimento de objetos, moedas transportadas de caixas hermeticamente fechadas, diversos exemplos de fenômenos da chamada "passagem da matéria através da matéria", etc.. Para explicar tais fatos, Zöllner postulou a existência de uma quarta dimensão do espaço (completamente inconcebível para os nossos cérebros tridimensionais), e de seres espirituais vivendo nessa quarta dimensão espacial, seres esses que seriam os causadores dos fenômenos observados, todos eles obtidos sem nenhuma escuridade.     

     Eis o que, a este respeito, nos diz o sábio criminologista César Lombroso:

     Para que um objeto possa penetrar, do exterior de uma habitação fechada, sem abrir as portas, ou as janelas, é preciso fazê-lo passar através da madeira, ou do vidro, ou dos tijolos; mas para isto, é necessário que suceda uma destas duas coisas: que os átomos do objeto passem pelos intervalos interatômicos das paredes, isto é, que o objeto seja decomposto em matéria imponderável (operação denominada desmaterialização) antes de passar pelas paredes, e recomposto depois; ou, para aparecer ou desaparecer, sem passar pelas paredes, seria necessário que ele entrasse em uma quarta dimensão do espaço e depois tornasse a sair. Para seres que vivessem num espaço de apenas duas dimensões (seres bidimensionais), poderíamos fazer desaparecer um objeto retilíneo bidimensional situado dentro de um círculo, e depois fazê-lo reaparecer fora desse círculo, porque podemos erguê-lo no ar, fazê-lo desaparecer numa terceira dimensão, na altura ou profundidade (que esses seres bidimensionais não poderiam sequer imaginar).
     Esta hipótese (da quarta dimensão espacial) foi sustentada, primeiramente, pelo astrônomo e físico alemão Friedrich Zöllner, em seus experimentos com o médium Slade.
(Hipnotismo e Mediunidade, 1ª ed., FEB, sem data).


     Citarei agora um trecho bastante esclarecedor do Dr. Jayme Cerviño, no seu livro "Além do Inconsciente", ed. Feb, 2005:
      
     O aspecto mais enigmático dos fenômenos de transporte não é o trazimento de um objeto situado noutra parte da própria casa ou a muitas léguas, mas a penetração do mesmo em um recinto hermeticamente fechado, onde se reúnem médium e experimentadores. Zöllner, em seu livro, não só pretende ter demonstrado a "penetração da matéria através da matéria", como sugere uma quarta dimensão do espaço para explicar o fato. No cinema, o projetor, através de uma terceira dimensão, coloca e tira da tela bidimensional, todas as imagens que animam o filme. Assim, o objeto transportado penetraria, através da quarta dimensão espacial, no ambiente tridimensional representado pela sala fechada. Ernesto Bozzano, que escreveu uma extensa monografia para provar a existência dos fenômenos de transporte, considera fantástica a hipótese de Zöllner. Admite e argumenta, com certas observações parapsicológicas, que todos os corpos possuem uma "forma arquétipo" ou "duplo psíquico", que permanece após a desintegração e possibilita a reintegração instantânea da matéria. Quanto à prodigiosa soma de energia necessária a uma transformação dessa natureza, salienta que que "não se trata somente de energia física, mas, acima de tudo, de energia psíquica, liberada por um ato de vontade subconsciente ou extrínseca".

Obs. minhas:

1ª) Para não deixar margem a dúvidas, todos os fatos citados por Bozzano em sua documentada monografia sobre os "Fenômenos de Transporte" (ed. Calvário, 1972) foram obtidos em plena luz ou com luz suficiente.

2ª) O fato de, em alguns casos citados por Bozzano, os objetos transportados terem sido encontrados tépidos ou quentes, demonstra, segundo o filósofo italiano, que houve "comoção molecular" do objeto, o que abona a hipótese de uma provável desintegração e posterior reintegração material, segundo o modelo preexistente no "duplo" do objeto, e afasta a hipótese gratuita e insustentável de uma quarta dimensão espacial, hipótese ultrametafísica, indemonstrável e que permanecerá eternamente impensável, afirma o mestre italiano.

3ª) Não posso esconder a minha predileção pela teoria do "grande mestre da ciência da alma", como era chamado pelos espíritas ingleses, mesmo porque, como dizia Flammarion, "um fato incompreensível é sempre um fato, mas uma explicação incompreensível não é uma explicação".