sexta-feira, 4 de junho de 2010



54)19 Abr 2010
Por que existe o MAL? E a MORTE, será necessariamente um mal?

No seu livro "Os Enigmas da Psicometria", o filósofo Ernesto Bozzano faz notáveis digressões sobre a existência do mal no nosso mundo e o significado da morte. Eis a primeira:


"Uma grave proposição identifica-se com a da existência do MAL -- uma tese posta de milênios por todas as filosofias, inutilmente, sem conseguirem elucidá-la. Limitar-me-ei a transcrever aqui uma frase do Dr. Geley, que diz: a existência do mal é a medida da inferioridade dos seres e dos mundos".

"Penso que este conceito contém a melhor definição que o espírito humano pode formular sobre este problema, pois ninguém ousará contestar que este é um mundo inferior, no qual a dura disciplina do mal é ainda necessária à elevação espiritual do homem, assim como nô-lo atestam a História e a Psicologia de todos os povos. É de todo evidente que, se o Mal não existisse na Terra, ninguém compreenderia o Bem. Menos evidente não é que a História nos ensina a estimar no Mal, sob todas as suas formas, um instrumento indispensável ao progresso da Humanidade".
"Indubitável, finalmente, que, quando um povo atinge o vértice do poderio e da riqueza -- coisas que constituem para nós o maior Bem -- esse povo não tarda a corromper-se: menoscaba a virtude, degenera, entra em fase decadente. Lícito é, pois, afirmar sem receio de errar, que o Mal é o estimulante regenerador, que reconduz ao caminho da virtude, da abnegação, do progresso, a Humanidade recalcitrante".
"Por outras palavras: o Mal é o Bem que nós desconhecemos".


A segunda refere-se ao filósofo Sócrates. Segundo seu discípulo Platão, Sócrates ouvia, de vez em quando, uma voz interior, ou um gênio familiar (certamente ele era médium e ouvia a voz de um espírito protetor, diríamos nós hoje), que sempre o orientou na vida e o livrou de diversos perigos que, muitas vezes, o ameaçaram. Por exemplo, certa vez a voz lhe mandou mudar o caminho que sempre tomava ao voltar para casa. Posteriormente, ele soube que, se tivesse seguido aquele caminho, teria sido ferido por inimigos que esperavam, numa esquina, a sua passagem, para apedrejá-lo. Este é apenas um entre outros casos. Pois bem, como todos sabem, em virtude dos seus ensinos, contrários ao que pensavam os doutos da época, ele foi condenado à morte pela cicuta (um veneno terrível). É neste ponto que entra o texto de Bozzano. Diz ele:


"Ouvindo a sua própria condenação, Sócrates dirigiu aos seus juízes estas palavras memoráveis":
"Senhores: durante toda a minha vida, várias vezes ouvi a voz profética de um gênio familiar que sempre me desviou do que me pudesse acarretar um mal; hoje, que me sobreveio, aparentemente, o pior dos males, por que não escuto mais essa voz?
"É porque tudo isto que agora me sucede é um benefício. Nós nos enganamos quando pensamos que a morte seja um mal".


A terceira digressão diz respeito às pessoas que morrem muito jovens (como a pequena Isabela que comoveu todo o país). Diz Bozzano:


"Lembremo-nos da velha sentença do poeta grego Menandro: Os que morrem moços, caros são aos deuses, sentença concordante com a doutrina reencarnacionista, segundo a qual uma morte prematura deixaria supor que a pessoa tenha assaz progredido para abreviar o estágio de aprendizado na evolução ascendente das vidas progressivas, e, no caso de mortes infantis, que tenha progredido bastante para suprimir muitas provações, mergulhando na Terra com o só fito de resgatar o pouco que ainda deve ao ambiente terreno, para concentrar suas energias no sentido de reencarnações mais felizes, talvez bem longe do orbe terráqueo. (Ernesto Bozzano, Os Enigmas da Psicometria, ed. FEB, 1949).

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