sexta-feira, 4 de junho de 2010

Léon Denis


55)19 Abr 2010
Uma bela página de Léon Denis sobre a missão do Cristo (1)

Um pouco antes da era atual, à proporção que o poder de Roma cresce e se estende, vê-se a doutrina secreta recuar, perder a sua autoridade. São raros os verdadeiros iniciados. O pensamento se materializa, os espíritos se corrompem. A Índia fica como adormecida num sonho: extingue-se a lâmpada dos santuários egípcios, e a Grécia, assenhoreada pelos retóricos e pelos sofistas, insulta os sábios, proscreve os filósofos, profana os Mistérios. Os oráculos ficam mudos. A superstição e a idolatria invadem os templos. E a orgia romana se desencadeia pelo mundo, com suas bacanais, sua luxúria desenfreada, seus inebriamentos bestiais. Do alto do Capitólio, a prostituta saciada domina povos e reis. César, imperador e deus, se entroniza numa apoteose ensanguentada !
Entretanto, nas margens do Mar Morto, surge um Homem, uma Alma bastante vasta, tão superabundante de luz e de amor, para nela própria sorver os elementos de sua missão. Jamais a Terra viu passar maior Espírito. Uma serenidade celeste envolvia-lhe a fronte. Nele se uniam todas as perfeições para formar um tipo de pureza ideal, de inefável bondade.
Há em seu coração imensa piedade pelos humildes, pelos deserdados. Todas as dores humanas, todos os gemidos, todas as misérias encontram nele um eco. Para acalmar esses males, para secar essas lágrimas, para consolar, para curar, para salvar, ele irá ao sacrifício da própria vida oferecer em holocausto a fim de reerguer a Humanidade. Quando, pálido, se dirige para o Calvário, e é pregado ao madeiro infamante, encontra, ainda em sua agonia, a força de orar por seus carrascos, e de pronunciar estas palavras que nenhum impulso de ternura ultrapassará jamais:
"Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem !"
Entre os grandes missionários, o Cristo, o primeiro de todos, comunicou às multidões as verdades que, até então, tinham sido o privilégio de pequeno número. Para ele, o ensino oculto tornava-se acessível aos mais humildes, senão pela inteligência, ao menos pelo coração, e lhes oferecia esse ensino sob formas que o mundo não tinha conhecido, com uma potência de amor, uma doçura penetrante, uma fé comunicativa, que faziam fundir os gelos do ceticismo, eletrizar os ouvintes e arrastá-los após si.
O que ele chamava "pregar o Evangelho do reino dos ceus aos simples" era por ao alcance de todos o conhecimento da imortalidade e o do Pai comum. Os tesouros intelectuais, que os adeptos avaros só distribuíam com prudência, o Cristo os espalhava pela grande família humana, por esses milhões de seres curvados sobre a Terra, que nada sabiam do destino e que esperavam, na incerteza e no sofrimento, a palavra nova que os devia consolar e reanimar.
Essa palavra, esse ensino, ele distribuiu sem contar, e lhes deu a consagração do seu suplício e da sua morte. A cruz, esse símbolo dos antigos iniciados, que se encontra em todos os templos do Egito e da Índia, tornou-se, pelo sacrifício de Jesus, o sinal da elevação da Humanidade, tirada do abismo das trevas e das paixões inferiores, para ter enfim acesso à vida eterna, à vida das almas regeneradas.
O Sermão da Montanha condensa e resume o ensino popular de Jesus. Aí se mostra a lei moral com todas as suas consequências; nele os homens aprendem que as qualidades brilhantes não fazem sua elevação nem sua felicidade, mas que só poderão conseguir isto pelas virtudes modestas e ocultas -- a Solidariedade, a Bondade, a Justiça e o Amor.

Obs. minha: Que profunda inspiração nessas palavras do mestre Léon Denis, ele que, em sua vida, foi um grande médium inspirado! E ainda dizem que o Espiritismo não é cristão. Como negá-lo diante do texto acima? Alguém poderia escrever sob a figura e a missão do Cristo com maior fulgor?

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