sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cesare Lombroso


19)06 Abr 20101
Alguns Textos Excepcionais de Lombroso (1)

O psiquiatra, antropólogo e criminologista italiano Cesare (em português, César) Lombroso é nome que dispensa apresentação. É considerado o "pai" da disciplina conhecida como Antropologia Criminal, sendo o criador da concepção audaciosa e original do que chamou de "criminoso nato" (que os norteamericanos chamam hoje de "serial killer"), dotado de uma patogenia incurável (um doente, portanto) e predestinado nacessariamente ao crime, por um impulso patológico interior, congênito e profundo, que se caracterizaria por certos traços estampados no físico e, principalmente na fisionomia (hoje, esta parte das suas teorias é considerada errônea, pois, há "seriais killers" que não apresentam qualquer traço físico exterior que demonstre a sua patogenia), mas a noção do "criminoso nato" permanece; seja como for, não se pode ignorar a sua importância dentro das teorias da Criminologia em geral, na observação dos fatos e análise dos comportamentos criminosos, bem como nos seus estudos antropológicos, nos seus trabalhos sobre os homens de gênio, sobre a doença conhecida como pelagra, sobre Medicina Legal, disciplinas carcerárias, etc.. Aqui, entretanto, interessa o seu depoimento e as suas pesquisas sobre os fenômenos espíritas a que dedicou o final de sua laboriosa vida. Trata-se do livro Hipnotismo e Espiritismo, de 1909, cujo prefácio ele datou apenas alguns dias antes de desencarnar. Vejamos alguns textos.
"Os médiuns manifestam durante o "transe" certas energias motoras, cognitivas e intelectuais que eles não têm antes, e que o trivial dos homens não possui comumente, e que, em muitos casos, não se pode explicar pela transmissão de pensamentos dos presentes, pela telepatia, exigindo pois uma explicação especial, qual a de integrar a energia mediúnica com outra energia, ainda que fragmentária e transitória, porém que adquire, por um dado instante, com a integração do médium, potência superior. Esta energia, da tradição de todos os tempos da humanidade, de todos os povos e de todas as raças, e que agora entrou para a observação experimental, é mostrada na ação residual dos impropriamente chamados mortos"...
"E assim aparece conciliada a observação científica com aquela, multiplicada no tempo e no espaço, desde os povos mais antigos e selvagens aos mais civilizados, cristalizada por último na lenda religiosa, isto que, se não pela qualidade, certamente pela quantidade e uniformidade dos sufrágios, lhe confere uma autoridade igual, se não superior, ao pensamento dos grandes cientistas"...
"O fato de que em todas as épocas da humanidade, e no seio de todos os povos, sejam eles civilizados, bárbaros, ou selvagens (africanos ou indígenas), esteve sempre viva a crença em algo invisível que sobrevive à morte do corpo e que, sob o influxo de circunstâncias especiais, pode manifestar-se aos nossos sentidos, torna-me propenso a aceitar a hipótese espiritualista".
"Costuma-se desprezar a opinião do homem do povo e do selvagem, mas se eles não possuem, para apreender a verdade, os grandes recursos dos cientistas, nem sua cultura, nem seus instrumentos de pesquisa, suprem a falta disso com múltiplas e seculares observações, cuja resultante acaba por ser superior à do maior gênio científico. E assim o fenômeno da queda dos meteoros para a Terra, a influência da Lua sobre a vida no nosso planeta, o contágio da tuberculose, a hereditariedade mórbida, tudo isso foi reconhecido primeiro pelo homem simples do povo, do qual os cientistas faziam não há muito, e talvez ainda hoje (as Academias existem para alguma coisa!), motivo para grandes gargalhadas"...
"É de crer que os casos crônicos dos chamados lugares assombrados, nos quais por muito tempo se repetem as aparições de fantasmas e os ruídos, acompanhados da lenda de mortes trágicas e súbitas que antecederam as aparições, e sem a presença de um médium, falam contra a ação exclusiva destes, e a favor da ação dos mortos"... "Mas se cada um desses fenômenos nos pode ser ou parecer incerto, o conjunto de todos forma um compacto mosaico de provas resistentes aos ataques da mais severa dúvida".

Nenhum comentário:

Postar um comentário