sexta-feira, 4 de junho de 2010

Carlos Imbassahy

45)15 Abr 2010
Excepcional Caso de Identificação de um Espírito

Este caso excepcional e profundamente documentado, foi narrado pelo escritor Raoul Montandon em seu livro "La mort, Cette Inconnue" e a minha citação é apud Carlos Imbassahy, "Enigmas da Parapsicologia", Edição Calvário, 1967. (Também é citado em "Cinco Excepcionais Casos de Identificação de Espíritos", de Ernesto Bozzano, Publicações Lachatre, 1998).

Escreve o narrador, Sr. Francisco Del Rio:

O fenômeno se produziu em 1 de março de 1901. Estava em Paris havia um ano para onde fui por ocasião da Exposição Internacional de 1900, como correspondente do "El Figaro" de Buenos Aires. O Sr. Giuseppe Borgazzi viajara da América do Sul a Paris em minha companhia.
Em minha casa manifestou-se-lhe uma faculdade mediúnica até então ignorada que, em alguns meses, atingiu rara perfeição, em transe completo, sob a forma de escrita automática. Na noite de 1 de março de 1901, interrompendo as respostas às questões habituais, de natureza teórica, o médium escreveu:
-- Em face de minha nova existência, tudo desaparece: rancores, ódios, cóleras. Abandono tudo e me limito a invocar a clemência de Deus para meus inimigos e para todos aqueles que me tornaram amarga a existência. Sois os únicos com quem consegui por-me em relação depois de minha morte. Penosamente impressionado por meu novo estado, peço que não me abandonem em meu desejo de reabilitação. Foi-me permitido comunicar para encarregá-los do cumprimento de uma vontade que eu tinha expresso em vida e que meus herdeiros neglicenciaram.
Seguiu-se a indicação dessa última vontade não executada, de natureza íntima, que, por questão de delicadeza, devo omitir. Perguntei-lhe então:
-- Seu desejo consta do testamento?
-- Não - respondeu ele - a coisa foi dita à única pessoa que estava presente.
Como eu o convidasse a precisar o nome e os dados necessários, a entidade respondeu:
-- Sou Vicenzo Reggio, Presidente da Corte de Apelação, falecido em Gênova, a 27 de outubro de 1900. Meu domicílio era Corso Paganini, 16. Meu irmão é Tommazo Reggio, Arcebispo de Gênova. Escrevei-lhe. Adeus.
Escrevo então ao Arcebispo de Gênova a seguinte carta, datada de Paris, a 03 de março de 1901:
Peço à Vossa Eminência perdoar-me a liberdade que tomo em lhe escrever. Eis o assunto: Cultivo seriamente e com ponderação a ciência que se propõe examinar os mistérios do prosseguimento da vida do espírito em outras existências, após a morte, ou, para melhor dizer, depois da destruição do corpo terrestre.
Entre as minhas experiências de penetração do invisível, sucede muitas vezes receber comunicações de personalidades desconhecidas, que trazem mensagens para pessoas vivas, que me são igualmente desconhecidas. Uma dessas comunicações provém de uma personalidade que afirmou ser Vicenzo Reggio, Presidente da Corte de Apelação, irmão de Tommazo Reggio, Arcebispo de Gênova. Disse a data e onde faleceu. Acrescentou que era V. Emcia. a única pessoa presente no momento de sua morte e que lhe tinha manifestado uma vontade que a consciência lhe impunha e que seu testamento não indicava. Ora, ele se queixa de que essa vontade não foi executada.
Limito-me por prudência e por uma reserva facilmente compreensível, a fornecer à V. Emcia. as primeiras indicações do fato. Transmiti-lo-ei quando me tiver declarado que os dados fornecidos são exatos e que deseja conhecer o resto da mensagem. Minha fé não é cega. Desejo que tudo passe pelo crivo da verdade, visto que minha alma não se alimenta de ilusões em suas pesquisas, mas de verdades do que há de positivo. Ligo a este fato um interesse extraordinário se me for confirmado por uma personalidade elevada e especial como V. Emcia. Devo acrescentar que, firmado sobre a fé de minha honra, empenho-me a nunca revelar o objeto da comunicação. Quanto ao fenômeno probante, só o farei conhecer se V. Emcia. m'o autorizar.
O Arcebispo respondeu na volta do correio, em carta registrada, com data de 7 de março de 1901. Após a sua morte, reproduzi, em "IL Mistero", e em fototipia, a carta autógrafa, com a reprodução fotográfica do envelope, com os carimbos e os selos, na época, da Agência de Gênova, o dia, o mês e o ano. É a seguinte a carta do Arcebispo Tommazo Reggio:
-- Senhor. Sua carta causou-me, ao mesmo tempo, um sentimento de surpresa e curiosidade. Agradeço-lhe vivamente a comunicação que me dirigiu. Os dados que me indicou são exatos. Receberei de bom grado a outra carta que me prometeu, e que deve conter importantes palavras ditadas por meu saudoso irmão. Queria saber como invocou seu Espírito, ou como se manifestou sem ser evocado. É este um caso, como bem disse em sua carta, que me interessa vivamente. Grato por me haver escrito, peço-lhe ainda completar as demais informações que possui a este respeito. Agradecido... Tommazo, Arcebispo.
Respondi à carta do Arcebispo, transmitindo-lhe integralmente a comunicação do falecido. Não recebi outra carta do Arcebispo. Em compensação, o finado Vicenzo Reggio deu-me a última comunicação seguinte:
-- Meu irmão, reconhecendo a falta, ou inspirado por seu Espírito protetor, remediou o mal que havia feito. Sinto-me feliz com essa intervenção superior; tranquilizado, posso prosseguir no caminho do meu aperfeiçoamento espiritual.
( - )
Tais os fatos. Vamos à análise das comunicações e das consequências que comportam. Os três pontos principais são os seguintes:

1 - Assim como o médium, nunca tive conhecimento da existência do morto, do seu irmão Arcebispo, nem dos dados precisos concernentes à morte da personalidade que se comunica.

2 - O falecido veio comunicar-nos um fato que não consta de qualquer documento público, isto é, de que seu irmão era a única pessoa presente no momento de sua morte.

3 - O falecido revela-nos um segredo íntimo, apenas conhecido dele próprio e de seu irmão.

Relativamente ao primeiro ponto, a HIPERCRÍTICA poderia observar que o médium ou eu mesmo poderíamos ter tido, de qualquer maneira, o conhecimento do conjunto de dados a respeito, ou das duas personalidades em questão, ou da morte da personalidade que se comunicava. Esse fato fora publicado nos jornais.
No que toca ao segundo ponto, pode-se objetar que o fato de ser o Arcebispo de Gênova a única pessoa presente na morte do irmão, poderia também ser conhecido do público.
Mas o terceiro ponto é formidável. Não apresenta qualquer lado fraco que possa dar brecha à crítica. Trata-se ali de um segredo encerrado no círculo em que só há um morto e um vivo. Há o fato muito simples de uma ordem dada no momento da morte, que não fora executada, e que o falecido vem recordar.
O fato é indiscutivelmente confirmado pelo precioso documento constituído pela carta do Arcebispo de Gênova, o qual, pondo de lado todas as conveniências que lhe impunha a delicada situação, arrastado pela natureza extraordinária do que lhe era revelado, foi levado a responder de maneira fulminante, para liberar a consciência, como num ato de contrição: - É verdade !
Que prova mais decisiva da sobrevivência do Eu se poderia imaginar?

Obs. minha: até hoje a pergunta acima, feita pelo narrador, Sr. Francisco Del Rio, espera uma resposta convincente dos ateus e materialistas de plantão. Será que algum dia condeguirão fazê-lo? Na realidade, eles sempre fingirão ignorar este e muitos outros fatos que infirmam as suas teorias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário