sexta-feira, 4 de junho de 2010




18)05 Abr 2010
Dois Excelentes Textos de M. Sage Sobre uma Velha Alegoria de Platão (2)

Modificando ligeiramente a famosa alegoria de Platão, pode-se compreender facilmente o que é a humanidade, presentemente. Imaginai seres muito imperfeitos, ainda não evoluídos, mas tendo em si uma infinidade de potencialidades virtuais: imaginai, repito, esses seres nascendo em uma caverna sombria, escura, onde se agitam em confusão, passando o melhor do seu tempo numa competição nada amistosa entre si mesmos. A todo instante, penetra-se nessa caverna para retirar um certo número desses seres inferiores e transportá-los para a luz do dia, para fazê-los fruir de uma vida mais elevada, para lhes fazer admirar as belezas da natureza. Aqueles que permanecem na caverna choram a perda dos parentes e amigos que assim lhes são roubados, e os consideram como desaparecidos para sempre.
Entretanto, na abóbada da caverna, há algumas fendas pelas quais filtra um pouco de luz do dia. Um certo número de curiosos, bem mais corajosos e resolutos que seus irmãos, conseguiram, com muita dificuldade, enfrentando a zombaria destes, subir pelas pedras da caverna, até essas fendas: olharam e julgaram ver que de fora lhes faziam sinais. "Os que nos estão fazendo sinais, dizem, talvez sejam aqueles dentre nós que são tirados daqui a todo instante do dia. Mas, neste caso, não morreram, continuam a viver lá em cima". E chamam seus irmãos: "Vinde ver, parece-nos que aqueles dos nossos que vão lá para cima todos os dias nos estão fazendo sinais. Não temos certeza; mas unindo os nossos esforços e as nossas inteligências, talvez acabemos adquirindo uma certeza". Julgai que a multidão daqueles que se agitam no solo da caverna acorre? De jeito nenhum, eles têm mais que fazer, não podem perder tempo com fantasias. Não apedrejam esses investigadores importunos, mas os olham com maus olhos e os oprimem com críticas e injúrias. (Obs. minha: entre esses investigadores corajosos, que arrostaram o poder das críticas dos seus próprios colegas e de grande parte do público, estão eminentes cientistas de todos os países, versados na arte da experimentação, e deles eu poderia citar os seguintes nomes: Aksakof, Boutlerow, Robert Hare, Myers, de Vesme, Crookes, Richet, Lodge, Barrett, William James, Hyslop, Hodgson, Russel Wallace, Bottazzi, de Rochas, Gibier, Geley, Herlitzka, Foà, D'Arsonval, Lombroso, Flammarion, Bozzano, Bergson, Osty, Carl du Prel, Barão von Notzing, e muitos outros não menos ilustres. Pensar numa epidemia universal de fraudes que tenha mistificado todos esses nomes respeitáveis na ciência, que tomaram todas as precauções imagináveis para controlar os fenômenos, usando até mesmo aparelhos especiais de uso em laboratórios de pesquisas, seria, sem dúvida, avançar uma explicação mais fantástica do que os próprios fenômenos que eles descrevem em seus trabalhos).
Voltando ao nosso assunto inicial, deixemos de lado as alegorias; não estamos no Oriente, onde gostam das parábolas. Digamos simplesmente que é deplorável que os estudos psíquicos não inspirem mais entusiasmo.
Houve um excêntrico milionário francês que ofereceu, certa vez, um prêmio para aquele que descobrisse um modo de se comunicar com os habitantes de Marte. Se Marte for realmente habitado (o que parece ser pouco provável), não vejo que vantagens possa tirar daí a humanidade, a não ser a satisfação de sua curiosidade, nobre e legítima curiosidade, aliás. Mas como seria mais vantajoso e mais interessante comunicarmo-nos com o mundo do além, se esse mundo existe, pois é para lá que devemos ir todos! Espero que a humanidade acabe por compreendê-lo.

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