sexta-feira, 4 de junho de 2010



44)15 Abr 2010
Consciente, Subconsciente e Superconsciente, segundo "Sua Voz"

"Os resultados da experiência da vida, em todos os níveis, gravitam para o interior, que é onde se destilam os valores, somam os totais e se apura a síntese da ação. Para lá descem, em camadas sucessivas, os produtos da vida. O psiquismo se acha em crescimento contínuo, porquanto, em torno do primeiro núcleo, se vão depositando, por progressiva superposição, os valores, os totais e as sínteses da vida. De um a outro extremo da vida, o centro psíquico se enriquece em qualidade e potência, e adquire, desse modo, a capacidade de construir para si órgãos cada vez mais aptos a exprimir a sua mais complexa estrutura".
"Que isto não vos espante, pois não é fora da vossa consciência que se efetua o funcionamento orgânico, confiado a unidades inferiores de consciência, exteriores a esta? A economia do esforço, que a lei do meio mínimo impõe, limita a consciência humana ao âmbito em que se executa o labor útil das construções. O que foi vivido e assimilado definitivamente é abandonado nos substratos da consciência, zona a que se poderia chamar do subconsciente. Daí vem que o processo de assimilação, base do desenvolvimento da consciência, se realiza precisamente por transmissão ao subconsciente, onde tudo se conserva, ainda que esquecido, pronto a ressurgir, desde que uma excitação o desperte, um fato o exija".
"O subconsciente é exatamente a zona dos instintos, das ideias inatas, das qualidades obtidas; é o passado transposto, inferior, mas adquirido. Aí se depositam todos os produtos substanciais da vida; nessa zona encontrais de novo o que fostes e o que fizestes, o caminho seguido na construção de vós mesmos, assim como nas estratificações geológicas se vos depara a vida que o planeta viveu. A transmissão ao subconsciente se dá por meio da repetição constante. Dizeis então que o hábito transforma um ato consciente em ato inconsciente e dele forma uma segunda natureza. É este o método da educação. Podeis assim, pela educação, o estudo, o hábito, construir-vos a vós mesmos. Mal um ato é assimilado, a economia da natureza o deixa fora da consciência, porque, para subsistir, não mais necessita de que esta o dirija. Logo que uma qualidade se torna possuída, é imediatamente abandonada aos automatismos, sob a forma de instinto, de caráter que a personalidade assumiu".
"Não se trata de extinção ou de perda, porque tudo subsiste, presente e ativo, senão na consciência, sem dúvida no funcionamento da vida, e continua a dar todo o seu rendimento. Apenas é eliminado da zona consciência, porque pode, de então em diante, funcionar por si, deixando em repouso o Eu. Transmitida ao subconsciente, a qualidade assimilada cessa, assim, de ser esforço, mas se torna uma necessidade, um instinto, uma precisão. De modo que a consciência representa só a a zona da personalidade onde se produz o esforço para a construção do Eu e para sua ulterior dilatação. Em outros termos: ela se limita tão só à zona de labor e é lógico. O consciente compreende apenas a fase ativa, única que sentis e conheceis, porque é a fase em que viveis e em que opera a evolução".
"Há, pois, uma zona obscura do subconsciente e uma zona lúcida do consciente. Além das duas, ainda há uma terceira zona, a do superconsciente, onde tudo é expectativa e se preparam as conquistas do amanhã: fase possuída apenas como pressentimento e contida em gérmem nas causas atuantes do presente, do qual exprime ela o desenvolvimento. Zonas de amplitude e posição relativas ao ser, segundo o grau do seu desenvolvimento".
"Resumindo rapidamente todo o caminho percorrido por evolução, a zona do consciente tende sempre a ascender, deslocando-se para o superconsciente. Educação, bons e maus hábitos, tudo se fixa em automatismos transmitidos ao subconsciente. Assim, avança a evolução e o superconsciente é conquistado, passando através da fase consciência e, depois, à assimilação completa na subconsciência. Desse modo, a zona móvel, a do trabalho, cobre, no seu progressivo avanço, uma zona cada vez mais vasta de subconsciência, a zona das aquisições definitivas, do armazenamento do indestrutível na eternidade. A fase lúcida do labor construtivo se transfere, nos campos mais elevados e mais profundos, para o íntimo do ser, como assimilação de qualidades espirituais". (A Grande Síntese, cap.65: Instinto e Consciência - Técnica dos Automatismos, ed. FEB, 1939, trad. de Guillon Ribeiro)

Nenhum comentário:

Postar um comentário