sexta-feira, 4 de junho de 2010

Francisco Klors Werneck


14)02 Abr 2010
Os Vários Corpos do Homem

O livro Vida, Morte e Reencarnação, Editora Eco, 2ª edição (sem menção de data), traduzido pelo meu falecido amigo Dr. Francisco Klörs Werneck, é composto de 4 longos artigos, o primeiro dos quais é do espiritualista francês Charles Lancelin, e seu título é "Como se vive - Como se morre". Nele, o autor afirma que o homem tem 5 ou 6 corpos que ele denomina assim:
1º - Corpo físico; 2º - Duplo etéreo; 3º - Corpo astral; 4º - Corpo mental; 5º - Corpo causal; 6º - Os elementos superiores do ser, não ainda estudados e que constituem o espírito.
Pergunto agora: quem pode entender um imbróglio, um mistifório desses? Outros autores que abordam a mesma questão, tais como Hernani Guimarães Andrade (que admite inclusive um espaço multidimensional), George W. Meek (norteamericano), Amit Goswami (físico quântico indiano, naturalizado norteamericano), abordam o mesmo tema da multiplicidade de corpos que existem no ser humano, embora com visões um tanto diferentes entre si.
Sempre meditei sobre esse assunto e tenho a minha modesta opinião (de modo algum fechada, sujeita, portanto, a sugestões e críticas); ela é, pelo menos, bem mais simples do que essa miscelânea de corpos que constituiria o ser humano e que, eu, honestamente, nunca consegui entender direito, mesmo porque, como disse antes, há divergências entre elas.
Começarei citando o Pai da Antropologia Criminal, Prof. Dr. Cesare Lombroso que, no seu grande livro Hipnotismo e Mediunidade (ed. FEB, sem indicação de data), abre um capítulo, o Xl, intitulado Duplos, no qual diz o seguinte:
"A realidade da existência dos espíritos aparece agora menos paradoxal, admitindo-se o assim chamado -- duplo do corpo (em inglês -- wraith; em alemão -- doppelgänger; em francês -- double), do qual estão cheias as histórias dos antigos. Estes, porém, observaram poucos fatos de aparições e de sonhos, enquanto nós temos, para lhes dar crédito, uma longa série de observações e de provas. Se algumas, tomadas isoladamente, podem ser postas em dúvida, elas adquirem, à semelhança das pedras de uma abóbada, a solidez da sua união recíproca." (Obs. minha: eu usaria a expressão duplo psíquico, equivalente ao que Kardec chama de perispírito).
O duplo psíquico (ou perispírito) é, como o seu próprio nome indica, a duplicata exata do corpo físico, ou (na expressão de Bozzano) a forma arquétipo do corpo físico e é feito de um tipo de matéria ainda desconhecida por nós, porque não é constituído pelos elementos clássicos que formam a tabela periódica no nosso planeta, que vai do hidrogênio ao urânio (elementos naturais). Ele é extremamente complexo, pois guarda em sua estrutura, talvez em camadas sucessivas, as formas arquétipos dos tipos físicos que vivemos ao longo de centenas ou milhares de vidas sucessivas.
Esse duplo psíquico possui uma mente (ou um nível de mente) que é inteiramente inacessível para a nossa razão, e é exatamente esse nível mental do duplo, situado fora da nossa concepção, que eu chamo de espírito (emanação divina).
Mas para que possa acontecer a reencarnação, é preciso, entretanto, um tipo de energia que ligue o duplo psíquico ao corpo físico. No seu livro "Metapsíquica Humana", Ernesto Bozzano cita um interessante caso ocorrido no leito de morte de uma senhora: seus seis filhos e parentes presentes viram, todos, sair da boca da moribunda uma densa nuvem de fumaça branca, que mudava de densidade, mas sem movimento; depois, uma luminosidade azul se difundia ao redor e, de tempos em tempos, percebiam-se vivas centelhas de cor amarelada. O fenômeno durou algumas horas, e, a seguir, surgiram 7 raios amarelados, que mudavam constantemente de comprimento. À meia noite, tudo desapareceu, mas o falecimento só se deu às 7.30 h da manhã. (Isto é um mísero resumo do fenômeno que pode ser lido, "in totum", na citada obra de Bozzano). Este pesquisador diz então o seguinte:
"Se compararmos entre si os casos análogos de desdobramento fluídico mais ou menos rudimentar, seremos levados a crer que a primeira fase da emergência do duplo psíquico fora do organismo corporal acompanha ou precede a emissão de um fluido (energia, diríamos hoje) muito mais denso do que aquele que constitui o duplo psíquico, energia que, em condições de emissão excepcionalmente condensada, seria perceptível a olhos normais, enquanto que a energia ou matéria sutil constituinte do duplo psíquico só o seria a olhos de sensitivos. Tratar-se-ia, em suma, da emissão inicial de uma coisa semelhante ao fluido ódico de Reichembach, fluido vitalizador do sistema nervoso e a que a vidente de Prevorst chamava, com efeito, espírito dos nervos". (Hoje, poderíamos chamar de energia ódica, ou energia nervosa, energia que tem sua sede nos filamentos nervosos do organismo, mas que se irradia, mais ou menos, fora do corpo). Tal energia constitui o "od" dos estudiosos do esoterismo, como Reichembach, de Rochas, Barão du Prel, etc..
Vejamos as declarações da famosa vidente de Prevorst, através do que o Dr. Justin Kerner escreve sobre ela:
"Relativamente ao espírito dos nervos ou princípio de vitalidade nervosa, ela dizia que por meio dessa substância, a alma (isto é, o duplo psíquico) entrava em relação com o corpo e o corpo com o mundo... Por esse intermediário, os Espíritos que se acham em uma esfera média são colocados em condições de atrair a si materiais atmosféricos que lhes conferem o poder de se fazer ouvir dos vivos, de interromper as leis da gravidade ou de mover objetos inertes. Quando uma pessoa morre em estado de grande pureza, não arrasta consigo nada do princípio de vitalidade nervosa; é por isso que os Espíritos felizes, que não estão impregnados dessa vitalidade nervosa, não podem aparecer aos vivos, nem deles se fazer ouvir, nem tocá-los."
Como vimos acima, espíritos muito evoluídos não levam em seus perispíritos (ou duplos) praticamente nada da sua energia ódica, sendo a mesma devolvida inteiramente ao ambiente, e, por isso, não podem nem conseguem comunicar-se com os vivos.
Já os espíritos como nós, de ordem intermediária, levam uma parte da energia ódica nos seus perispíritos, devolvendo a outra ao ambiente, mas esta parte que carregam é insuficiente para fazê-los mostrar-se ou comunicar-se com os vivos. Para consegui-lo, devem combinar a sua própria energia ódica com aquela liberada em grande parte pelos médiuns em transe, tornando então possível a comunicação entre os dois mundos.
Já os espíritos muito imperfeitos, dotados de um grande atraso moral, levam em seus duplos praticamente toda a energia ódica e, por esta razão, muitos deles conseguem manifestar-se a nós sem o concurso de médiuns. É o que acontece, por exemplo, nas casas secularmente assombradas. Nelas, os espíritos assombradores manifestam-se continuamente, com ruídos, arrastamento de objetos, pancadas violentas, manifestações visuais, sem a necessidade de um médium, e que perduram às vezes por séculos, apesar das mudanças de inquilinos, enquanto não mais ocorrem nas novas habitações destes, o que denota uma enorme energia desenvolvida em certas casas e sem que seja necessária a presença de médiuns.
Assim, como diz Bozzano, tinham razão as sonâmbulas lúcidas da primeira metade do século XIX, como também a célebre vidente de Prevorst, quando apontavam a natureza trina do ser humano: duplo psíquico (com seu nível de mente que é o espírito), energia ódica (ou energia nervosa) e corpo físico.
Uma última observação: não sevemos confundir a energia ódica com o ectoplasma. O ectoplasma é o plasma orgânico obtido pela desmaterialização de parte do corpo e dos órgãos do médium; experiências rigorosas feitas por afamados cientistas, como Crookes, Varley, Aksakof, Lodge, Richet, Lombroso, Geley, Osty, Gibier, Flammarion, Barão von Notzing, etc., utilizando balanças de precisão, comprovam que, a toda emanação ectoplásmica corresponde uma perda parcial de peso por parte do médium. Já a energia ódica deve ter algum peso (como toda forma de energia, segundo a ciência), mas muito pequeno.

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