sexta-feira, 4 de junho de 2010

Carlos Imbassahy


16)05 Abr 2010
A Falácia do Paralelismo Neurofisiológico

Paralelismo neurofisiológico é o nome dado ao fenômeno pelo qual toda lesão no órgão cerebral acarreta uma limitação correspondente na atividade física ou psíquica do indivíduo que sofreu a lesão, conforme a parte do cérebro que foi lesionada. Note-se que estamos falando em simples lesão, e não em perda de matéria cerebral, o que configuraria um caso muitíssimo mais grave. O fato parece indubitável e é nele que se apoiam neurologistas e psiquiatras para afirmarem que o pensamento é função do cérebro.
O escritor espírita brasileiro Carlos Imbassahy, no seu livro "O Que é a Morte" (EDICEL, 1966) apresenta inúmeros casos, cientificamente comprovados, que abalam profundamente os alicerces do citado paralelismo. Vejamos alguns.
O Dr. Gustave Geley foi testemunha de uma operação feita por seu amigo Dr. Guépin em uma jovem que tinha um tumor em parte considerável do seu hemisfério cérebral; feita a ablação, a paciente conservou perfeitamente íntegras as suas faculdades físicas e psíquicas. (Gustave Geley, - De l'Inconscient au Conscient, Paris, 1920).
O Prof. Enrico Morselli narra um caso, investigado pessoalmente por ele (e que foi publicado em todos os jornais importantes da época), de um suboficial da guarnição da Antuérpia, que, havia dois anos se queixava de dor de cabeça, o que, entretanto, nunca o impedira de cumprir todos os deveres do seu posto. Tendo morrido subitamente, procederam-lhe à autópsia e descobriram que um abcesso lhe reduzira todo o órgão cerebral a uma papa de pus. (Enrico Morselli, Riserca di Psichiatria, 1929).
O Dr. Henry Bouquet escreve em Le Temps: dois cirurgiões tchecos, amigos meus, referem o caso de um operário que, ferido na cabeça, apresentava uma abertura de 12 cm de comprimento por onde se escoava parte da matéria cerebral. Sem esperanças de salvá-lo, meus amigos limitaram-se a limpar a ferida, extrair os fragmentos de ossos e deixaram tudo como estava. Com espanto geral, o paciente, poucas horas depois, pediu comida e se entretinha com os que o cercavam. E o Dr. Bouquet acrescenta: - É um caso verdadeiramente único nos anais da Cirurgia. (Dr. Henry Bouquet - Le Paradoxe du Cerveau - Le Temps, Paris, 1935).
O Prof. Roesemuller cita várias autoridades que verificaram a persistência das faculdades psíquicas apesar de graves lesões cerebrais e, entre elas, os cirurgiões Hirth, Hufeland e Ennemoser; notaram eles perdas sensíveis de matéria cerebral, sem que ficasse alterado a inteligência dos indivíduos. (M. Roesemuller, Die Ubersinnliche Welt, 1923).
Benecke refere o caso de um amigo, o Prof. Surya, que faleceu inteiramente lúcido. Na autópsia, verificou-se que o cérebro estava inteiramente decomposto e que essa anormalidade já devia durar desde muito tempo. (Benecke, - Walnes Leben, 1923).
Hallopeau comunica à Sociedade de Cirurgia, em Paris, que uma jovem, em estado psíquico normal, fora operada e se lhe achou grande porção de matéria cerebral reduzida a matéria líquida. (Dr. Hallopeau, - Annales des Sciences Psychiques - Paris, 1914).
Saint Marck refere-se à autópsia num oficial em cujo cérebro fora encontrado um montão de pus. Havia cumprido, entretanto, normalmente, todas as suas obrigações. (Clément de St. Marck, - Revue Scientifique, 1907).
Edmond Perrier comunica à Academia de Ciências de Paris que um indivíduo falecera com seus sentidos normais. Na autópsia, verificou-se que o cérebro se apresentava sob a forma de delgada casca, de onde o pus espirrava. (Dr. Edmond Perrier, Annales des Sciences Psychiques, Paris, 1914).
O Dr. Olivecrona assegura que ele e seus colaboradores operaram, em Budapeste, importantes massas cerebrais, sem que notassem alterações nas faculdades psíquicas dos enfermos. (Dr. Olivecrona, - Riserca Psiquica, Milão,1938).
O Dr. Huschland apresenta o caso de uma mulher cujo cérebro estava quase totalmente dissolvido, sem que houvesse sinal de alteração do espírito. (Dr. Huschland, - Journal de Médicine Pratique,1928).
Conforme declara o Dr. Iturricha a seu amigo, o jornalista Faure da Rosa, uma jovem morrera em pleno uso de suas faculdades mentais, tendo a massa encefálica destacada do bulbo; estava nas condições de uma pessoa decapitada. (Faure da Rosa, - Estudos Psíquicos, Lisboa, 1949).
Schleich observa vinte pessoas com os cérebros gravemente lesados, sem alteração psíquica. Schmick e Benecke citam o caso de um arquiteto, normal até o último instante, mas em cujo cérebro a autópsia encontrou grandes vazios.
Em suma, diz Carlos Imbassahy, o que a Neurofisiologia descobriu é que, normalmente, comumente, o cérebro é necessário à manifestação do pensamento. Entretanto, o estudo de determinados fatos neurológicos, psicológicos e parapsicológicos provam que a dependência não é constante, absoluta. Já o reconhecia o ilustre fisiologista, prêmio Nobel de Medicina, Prof. Dr. Charles Richet: "O paralelismo absoluto, constante, irresistível entre o pensamento e a função do cérebro não é de uma evidência indiscutível". (La Grande Esperance, 1933). E Imbassahy termina, como não poderia deixar de ser, citando o grande e inigualável mestre da Ciência da Alma, o filósofo Ernesto Bozzano, em sua obra "Cérebro e Pensamento":
"Em tais contingências, a única circunstância capaz de explicar o perturbador mistério dessas grandes falhas no paralelismo neurofisiológico, é a de se reconhecer a existência, no ser humano, de um "duplo psíquico" ou "duplo espiritual" (da qual estão cheias as histórias dos povos antigos e selvagens), duplo este dotado de uma consciência própria, extraorgânica que, em condições raríssimas, seria capaz, provisoriamente, de se substituir ao seu instrumento cerebral, de que ele se serve para entrar em relações com as manifestações do ambiente fenomênico, em que é seu destino viver e exercitar-se. Tal consciência, independente do órgão cerebral, em sua integralidade, seria a sede do Eu Espiritual Integral, provido de faculdades de sentido paranormal (memória integral, telepatia, clarividência,etc.).
Por outras palavras: as faculdades paranormais, assinaladas em todos os tempos e entre todos os povos, são os sentidos da existência espiritual, existentes, em estado potencial e pré-formados, na subconsciência humana, e esperando apenas, para emergir e atuar, o ambiente apropriado, que sucede à crise da morte (pois tais sentidos espirituais não poderiam surgir, súbita e magicamente do nada, no instante da morte).
De modo análogo, no embrião, no ventre materno, existem, em estado potencial e pré-formados, os sentidos da existência material, esperando apenas, para emergir e atuar, o ambiente apropriado, que sucede à crise do nascimento (pois tais sentidos materiais não poderiam surgir, súbita e magicamente do nada, no instante do nascimento
)".

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