sexta-feira, 4 de junho de 2010


40)13 Abr 2010
Os Três Tipos de Homem, Segundo "Sua Voz"

O texto abaixo é um dos mais importantes de "A Grande Síntese" e merece profunda análise e acurada reflexão; ele aborda a evolução dos seres humanos e toca num problema que nos diz respeito diretamente. O que nos reserva o futuro? Portanto, meditemos bem neles.

"O tipo humano comum se move para outros níveis. O mais baixo vive e sente que vive unicamente no nível vegetativo, move-se num campo físico, onde a ideação é concreta, quase muscular; onde o mundo sensório é a realidade toda e nenhuma abstração ou conceito sintético a ultrapassa. Dominam os instintos primordiais ( fome e amor ) e a satisfação deles é a única necessidade, a única alegria, a única aspiração. Psiquismo rudimentar, que só no campo passional se exercita, de atrações e repulsões violentas e primitivas. Qualquer conquista pertence ao inconcebível, a treva envolve quase toda a consciência. É o selvagem e, nos países civilizados, o homem das classes inferiores, onde aquele renasce pelo seu peso específico".
"Mas a civilização criou um tipo mais elevado, de psiquismo mais desperto, que chega até à racionalidade. A explosão das paixões é controlada, pelo menos na aparência. Os instintos primordiais, embora se conservem os mesmos, se complicam e revestem de um trabalho reflexo de controle, se apuram, tornando-se mais nervosos e psíquicos. Adora-se a riqueza até cultuá-la; impera a ambição e esta incita à luta, que se faz cada vez mais nervosa e astuta, e ultrapassa as raias do indispensável. A realidade, se bem que sensória, se enriquece. A zona do concebível se dilata um pouco, mas permanece sempre no exterior dos fenômenos e é impotente em face de uma síntese substancial. Os princípios gerais são repetidos, mas não sentidos; há uma incapacidade de consciência com relação a tudo quanto excede ao interesse do eu, que é a suprema exigência. O altruismo não se expande além do círculo da família. É o moderno homem civilizado, educado, com um verniz de informações culturais, voluntarioso, dinâmico, mas sem escrúpulos, egoísta, habituado a mentir, vazio de qualquer convicção e aspiração substancial. À sua impotência intuitiva e sintética chama razão, objetividade, ciência, que é meio utilitário".
"Há um tipo ainda mais elevado de homem, dificilmente reconhecível pelo exterior, para quem não haja chegado ao seu nível. Muitas vezes é um solitário, um mártir, cuja grandeza só se reconhece depois de sua morte. E é natural. Só o que é medíocre pode ser compreendido de súbito e aclamado pela maioria medíocre. Glória fácil e rápida significa pouco valor. Nesse tipo, o concebível se dilatou até à síntese máxima, a consciência atingiu a dimensão superior da intuição. Ele está por demais longe da média, porque já viu e compreendeu as altas metas da vida e não pode passar pela Terra senão em missão, amando e distribuindo benefícios. É com frequência apagado e desprezível para o mundo, mas o seu gesto abrange toda a criação. Tem ele vencido os instintos da animalidade ou luta por vencê-los. Não encontra na Terra inimigos, a não serem as inferiores leis biológicas, que procura refrear. Aceita a dor e faz sua a dor do mundo. Sabe e sente tudo quanto para os seus semelhantes se perde no inconcebível. Seus triunfos são por demais vastos e distantes para serem vistos, pois ele se move no pensamento e na ação inerentes à substância das coisas, em harmonia com o infinito. Este é o tipo de super-humanidade do futuro, na qual a animalidade egoísta e feroz se achará vencida e triunfante o espírito". (A Grande Síntese, cap.78, As Sendas da Evolução Humana, ed. FEB, 1939).

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