quarta-feira, 18 de setembro de 2013

96) As conclusões espiritualistas de um grande físico, Sir Oliver Lodge

 
Sir Oliver Lodge

     Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940) foi um físico experimental e escritor inglês. Doutor em ciências, Professor de Física da Universidade de Londres, Professor de Filosofia Natural do Colégio de Bedford, Professor Catedrático de Física da Universidade de Liverpool, Reitor da Universidade de Birmingham, membro da Royal Society of London, recebeu a Medalha Rumford da Royal Society em 1898, e foi nomeado Cavalheiro do Reino Unido pele Rei Eduardo VII em 1902, passando a usar o título honorífico de "Sir".
     Fêz investigações originais sobre os fenômenos do relâmpago e do raio, sobre a fonte da força eletromotriz na célula voltaica, sobre os fenômenos da eletrólise e da velocidade dos íons, sobre a aplicação da eletricidade para dispersar a neblina e a fumaça, sobre o arrastamento do suposto "éter cósmico" por corpos massivos, sobre as ondas eletromagnéticas e sobre a telegrafia sem fio, sendo considerado um pioneiro com relação à radiocomunicação.
     Em 14/08/1894, conseguiu transmitir sinais de rádio em uma conferência na Associação Britânica para o Progresso da Ciência, aperfeiçoando o detector de ondas de Branly, acrescentando a ele um vibrador que deslocava a limalha acumulada, restaurando assim a sensibilidade do aparelho. Com este detetor aperfeiçoado, que Lodge denominou coesor, obteve a patente para sintonização em telegrafia sem fio, patente que foi adquirida, em 1911, pela Companhia Marconi, do inventor do rádio, Eng. Guglielmo Marconi.
     Lodge também deu uma contribuição significativa aos motores quando inventou a vela de ignição para o motor de combustão interna. Seus filhos, Alex e Brodie, criaram a Lodge Plug Company, que produziu velas de ignição para automóveis e aviões. Outros dois filhos seus, Noel e Lionel, criaram uma empresa que produzia uma máquina para limpar a fumaça das fábricas. Além de inventar a vela de ignição e o telégrafo sem fio, Oliver Lodge também inventou o sintonizador variável.
     No fim do século dezenove,os físicos acreditavam que as ondas eletromagnéticas se propagavam num meio hipotético, que foi chamado de "éter cósmico", mas tinham dúvidas se os corpos, em seu movimento, arrastavam ou não o suposto éter. Para dirimir tais dúvidas, Sir Oliver Lodge planejou um experimento, realizado em 1896. Instalou grandes discos de aço, de 2 metros de diâmetro, eletrizou e magnetizou fortemente os discos, fê-los girar a velocidades tão grandes que pouco lhes faltava para arrebentar, e então enviou raios luminosos pelo estreito espaço (1 centímetro) entre os discos rodantes - no mesmo sentido do movimento dos discos, e em sentido contrário ao movimento dos mesmos. Se as rodas que giravam, levavam ou revolviam o éter, isto se revelaria na aceleração ou retardamento da velocidade dos raios de luz levados pelo éter. Mas Lodge não pode encontrar nenhum efeito. "O éter e a matéria são mecanicamente independentes, e os corpos não arrastam consigo o suposto éter em seu movimento", foi a conclusão de Lodge.

Obs. minha: A partir de 1905, a teoria do "éter cósmico" foi abandonada pela ciência, pelo menos como meio de propagação das ondas eletromagnéticas, entre outras razões porque, tendo tais ondas caráter duplo, isto é, apresentando-se também como compostas de partículas (fótons), não necessitam de um meio por onde se propagar.

     Desde o final do século dezenove, Sir Oliver Lodge já se preocupava em pesquisar os fenòmenos do "Espiritualismo Moderno", como dizem os ingleses e norteamericanos. Em 1909, publicou uma grande obra, "A Sobrevivência do Homem" em que declara textualmente: Que o homem sobrevive à morte do corpo é convicção certa minha, baseada, de mais a mais, numa longa série de fatos naturais e experimentais.
     Em 14/09/1915, faleceu-lhe o filho, Raymond Lodge, em batalha da 1ª Guerra Mundial, na qual se havia alistado como Segundo-Tenente. Desde então, ele manifestou o desejo de se comunicar com o pai, mãe e irmãos, a fim de lhes provar que não havia morrido de fato, e lhes ministrar alguns ensinamentos sobre o mundo espiritual. A maioria das comunicações veio através de uma médium inglesa muito conhecida, a Sra. Osborne Leonard, que conhecia Sir Oliver, mas não sua esposa e  filhos, que foram a ela incógnitos, e puderam dialogar com Raymond, como se vivo estivesse. Depois, os Lodge (pai, mãe e irmãos) buscaram outros médiuns, deles desconhecidos, comparecendo às sessões incógnitos, sem que ninguém lhes soubesse os nomes e a identidade, e o mesmo Raymond se manifestava, mantendo uma incrível identidade e continuidade de pensamentos e opiniões que acabaram convencendo os Lodge, a princípio céticos (principamente a mãe e irmãos), de sua permanência e imortalidade. Sir Oliver Lodge escreveu então uma bela obra, intitulada "Raymond", que fêz muito sucesso na época, dedicada a mostrar ao mundo as múltiplas provas obtidas pela família, acerca da sobrevivência espiritual de Raymond. Esta obra foi traduzida para a nossa língua pelo saudoso escritor Monteiro Lobato. 
     Vejamos o que escreve Sir Oliver Lodge em sua introdução:
      

     Esta obra leva o nome de um filho meu morto na guerra (obs. minha: 1ª Guerra Mundial). Jamais ocultei a minha crença de que a personalidade não só persiste, como ainda continua mais entrosada no nosso viver diário do que geralmente o supomos; de que não há nenhuma solução de continuidade entre os vivos e os mortos; e de que existem processos de intercomunicação bastante efetivos quando o afeto intervém. Como disse Sócrates a Diotima, O AMOR VENCE O ABISMO (Symposium, 202 e 203).
     Mas não é somente a afeição que controla e fortalece o intercâmbio paranormal: o interesse científico e o zelo missionário também se revelam eficazes; e foi sobretudo graças a esforços deste gênero que eu e outros investigadores gradualmente nos convencemos, através de experiências diretas, de um fato que, não há de tardar muito, far-se-á evidente para todo o gênero humano. (...)
     Até a morte do meu filho, nenhuma criatura se me apresentara ansiosa de comunicação; e embora surgissem amigos promotores de mensagens, eram mensagens de gente da velha geração, diretores da Society for Psychical Research, e antigos conhecimentos meus. Já agora, entretanto, sempre que eu ou alguém da minha família recorremos anonimamente a um médium, a mesma criatura se apresenta, sempre ansiosa de dar provas da sua identidade e sobrevivência.
     E tenho que o conseguiu. O ceticismo da família, que nos primeiros meses foi muito forte, acabou vencido pelos fatos. Ignoro em que extensão estes fatos possam ser compreendidos por estranhos. Mas reclamo uma atenção paciente; e se incido em erros, já no que incluo, já no que omito, ou se minhas notas e comentários carecem de clareza, peço aos leitores, em todas as hipóteses, uma interpretação amiga: porque, em matéria tão pessoal, não ignoro que fico exposto à crueldade e ao cinismo da crítica.
     Poderão alegar: por que motivo atribuir tanta importância a um caso individual? Na realidade, não lhe atribuí nenhuma importância especial; mas acontece que cada caso individual é de interesse, porque tem plena aplicação nesta matéria a máxima -- "ex uno disce omnes". Se posso estabelecer a sobrevivência de um só indivíduo, "ipso facto", tê-la-ei estabelecido para todos.
     Eu já tinha a sobrevivência como provada, graças aos esforços de Frederic Myers e de outros da Society; mas nunca são demais as provas, e a discussão de um novo caso não esfraquece a evidência já conseguida. Cada vara do feixe deve ser testada e, a não ser que defeituosa, aumenta a força do feixe.
     
     E no epílogo:
      
     Estou convencido da sobrevivência da personalidade depois da morte como o estou da minha existência na Terra. Poderão alegar que essa convicção não se baseia na experiência dos meus sentidos. Responderei que sim. Um cientista especializado em Física não está sempre limitado pelas impressões sensoriais diretas; lida com uma multidão de coisas e conceitos para os quais seus sentidos são como inexistentes. A teoria cinética dos gases, por exemplo, as teorias da eletricidade, do magnetismo, das afinidades químicas, da coesão molecular, da eletrólise, das ondas eletromagnéticas, levam-no a regiões onde a vista, o ouvido, o olfato e o tato são impotentes para qualquer testemunho direto. Em tais regiões tudo tem de ser interpretado em termos do insensível, do não substancial e do imaginário. Não obstante, essas regiões do conhecimento tornam-se-lhe tão claras e vivas como as coisas materiais. Fenômenos comuníssimos requerem interpretação baseada nas ideias mais sutis -- a própria solidez aparente da matéria pede explanação -- e as entidades não materiais com que os físicos trabalham, gradualmente revelam tanta realidade como tudo quanto ele conhece sensorialmente.
     E como é assim, irei mais longe dizendo que estou convicto da existência de "graus do ser", não somente mais baixos na escala do que o homem, como também mais altos -- graus de toda ordem de magnitude, do zero ao infinito. E sei, por experiência, que entre os seres alguns existem empenhados em ajudar e guiar a humanidade, não desdenhando a entrar em detalhes mínimos, se desse modo podem assistir às almas que lutam por elevar-se. E creio ainda que entre esses altos Seres, um existe ao qual por instinto o cristianismo consagra reverência e devoção.
     Os que julgam que a era do Messias está passada, confundem-se estranhamente; essa era mal começou. Para as almas individuais o cristianismo floresceu e deu frutos, mas para os males do mundo é ainda um remédio não experimentado. Será estranho que a horrível guerra de hoje fomente e melhore o conhecimento do Cristo, e ajude a humanidade a compreender a inefável beleza de sua vida e de seus ensinamentos; entretanto, coisas ainda mais estranhas têm acontecido; e seja lá como as Igrejas se comportem, creio que a voz de Jesus ainda será ouvida por uma grande parte da humanidade, como nunca o foi até hoje.
     Meu viver na Terra aproxima-se do fim; pouco importa, espero não ir-me antes de dar o meu testemunho da graça e da verdade que emanam desse divino Ser -- cujo amor pelos homens pode ser obscurecido pelos dogmas, mas nunca deixará de ser acessível aos mansos e humildes.
     A intercomunhão entre os estados, ou graus da existência, não se limita a mensagens a amigos ou parentes, ou a conversas com personalidades do nosso nível -- isto constitui uma pequena parte da verdade inteira; esse intercurso entre os estados da existência traz consigo -- ocasionalmente às vezes, às vezes inconscientemente -- comunhão com altíssimas almas que se foram antes de nós. A verdade dessa influência contínua coincide com as mais altas Revelações feitas ao gênero humano. Esta verdade, quando assimilada pelo homem, significa a certeza da realidade da oração, bem como a certeza da simpatia ou graça d'Aquele que jamais desprezou os que sofrem, os pecadores, os humildes; e significa ainda mais: a possibilidade, algum dia, de um olhar ou de uma simples palavra do Eterno Cristo. ("Raymond", Edigraf, 1972, trad. de Monteiro Lobato).
    
     Para finalizar, um último excerto, extraído do livro escrito por Lodge em 1928, "Why I Believe in Personal Immortality", traduzido por Francisco Klörs Werneck, ed. Calvário, 1973, sob o título "Por Que Creio na Imortalidade da Alma":

     Conheço o peso da palavra "fato" na Ciência e digo, sem hesitação, que a continuidade individual e pessoal é para mim um fato demonstrado. (...) A evidência da identidade pessoal está assim gradualmente estabelecida, de um modo sério e sistemático, pelo exame crítico de pesquisadores rigorosos e independentes e, sobretudo, pelos esforços especiais e altamente inteligentes dos comunicantes do Além. Para mim a evidência é virtualmente completa e não tenho dúvida alguma sobre a existência e a sobrevivência da personalidade, do mesmo modo que não a tenho sobre a dedução de uma experiência qualquer, comum e normal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário