quarta-feira, 5 de setembro de 2012

75) Radioatividade e fenômenos mediúnicos de ectoplasmia

     
     Uma das grandes glórias do Espiritismo foi ter trazido para os seus arraiais um dos seus mais furibundos críticos, tangido, como ele próprio disse, pela força irresistível dos fatos -- o genial médico, professor, antropólogo, psiquiatra e criminologista italiano, César Lombroso. Segundo um dos seus biógrafos (Henrique Ferri), foi um homem polifacético. Sua extensa obra abarca temas médicos ( Tratado Profilático e Clínico da Pelagra, Os Venenos Químicos, Memória sobre as Feridas e Amputações por Armas de Guerra), psiquiáticos (Avanços da Psiquiatria, Doenças Mentais e Antropologia), psicológicos (A Loucura de Cardano, O Homem de Gênio, Gênio e Degeneração), demográficos (Geografia Médica), antropológicos (O Homem Branco e o Homem de Cor, O Antissemitismo e a Ciência Moderna), políticos (O Delito Político e a Revolução), criminológicos (O Homem Delinquente, O Crime: Causas e Remédios, A Mulher Criminosa, etc.), para só citar algumas.
     Sobre a sua última obra "Pesquisas sobre os Fenômenos do Hipnotismo e do Espiritismo", assim se pronunciou o Prof. A. Marzorati, um dos seus companheiros nos experimentos que empreendeu sobre os fenômenos mediúnicos ou paranormais:
     É um trabalho de descoberta, uma obra prima de erudição e sinceridade, um monumento de síntese que ficará como o testamento científico não só de quem o escreveu, mas de toda uma época que, partindo da negação, passou, de descoberta em descoberta, a experimentar toda a embriaguês do vir a ser, e que, na pesquisa inquieta e afanosa da matéria, tocou o umbral do mundo olvidado e pressentiu as misteriosas potências do Espírito.
     Vejamos o que diz o sábio antropólogo italiano sobre o tema que encima esse texto:

     "Foi somente depois de ter verificado os fatos das casas assombradas, e de observar Eusápia Paladino (a médium), em estado de transe, dar respostas com clareza e de modo bastante inteligente, em línguas que, como o inglês, desconhecia inteiramente, conseguindo até modelar baixos-relevos que nenhuma pessoa em condições normais poderia fazer, ainda mais sem nenhuma instrução, como era ela, -- foi somente depois de tudo isto e após tomar conhecimento dos experimentos de Sir William Crookes com os médiuns Home e Florence Cook, de Richet, de Aksakof, de Wallace, de Flammarion e outros, que me vi, também eu, compelido a crer que os fenômenos espiríticos, se bem sejam devidos em grande parte à influência do médium, igualmente devem ser atribuídos à influência de seres desencarnados, que possamos talvez comparar à radioatividade persistente nos tubos, depois que o elemento químico radium, ao qual ela deve sua origem, haja desaparecido." ( - )
    
     "De resto, como as leis relativas às ondas de rádio explicam, em grande parte, a telepatia, assim também as novas descobertas sobre as propriedades radioativas de alguns metais, especialmente o radium -- demonstrando-nos que aí pode haver, não apenas breves manifestações, mas um contínuo, enorme desenvolvimento de energia, de luz e calor, sem perda aparente de matéria -- invalidam a maior objeção que os cientistas podem opor às misteriosas manifestações espiríticas." ( - )
    
     RADIOATIVIDADE
     

     "Recordemos aqui os muitos indícios de um estado radiante dos médiuns em presença dos supostos "espíritos": a descarga do eletroscópio conseguida por Eusápia, tendo as mãos suspensas a 10 centímetros (o que é um fenômeno radioativo); a impressão dos quatro dedos que ela deixou em uma chapa fotográfica envolta em três papeis opacos; as névoas fosforescentes flutuando sobre sua cabeça e sobre a mesa em frente à qual estava sentada, em transe, e as nos dois médiuns, em transe, nos experimentos de Richet; as fosforescências no abdomem da médium D'Esperance ao se formarem os fantasmas; as faixas e globos luminosos nas sessões de Politi, de Eusápia, de Randone. O caso de Stasia, rigorosamente estudado por Ochorowicz, cujo corpo fantasmático consta de globos luminosos e pode provocar clarões ao seu redor, e o fato da reprodução, na escuridade, dos fantasmas obtidos pelo Conde de Boullet e Reiners com o médium Firman." ( - )

     "Num experimento realizado em Turim, pelos Drs. C. Foá e A. Herlitzka, com a médium Eusápia, uma chapa fotográfica, envolta em três folhas de papel opaco, foi colocada acima da cabeça da médium, diante da cortina negra da câmara mediúnica, e foi impressionada por uma grande mão, que não pertencia a nenhum dos dois cientistas, e menos à médium, reproduzindo quatro dedos enormes, o que demonstra haver nas sessões vontades enérgicas, contrárias à da médium e à dos presentes. Evidentemente, trata-se de um fenômeno de radioatividade e não de luminosidade, porque a impressão da chapa foi feita através de obstáculos opacos."
     "Com estes experimentos, se não erro, nos avizinhamos mais intimamente dos fenômenos, melhor direi, do organismo assim chamado - espirítico - aqueles representantes transitórios, evanescentes, do Além, dos quais não se quer admitir a existência por preconceito científico, não obstante a tradição universal renovada por milhares de fatos que continuamente repululam sob nossos olhos. E se descobre que estes corpos parece pertencerem àquele outro estado da matéria, ao estado radiante, que agora pôs seu pé firme na ciência, oferecendo assim a única hipótese que pode conciliar a crença antiga, universal, da persistência de algum fenômeno de vida depois da morte, com os postulados da ciência, segundo os quais - não há desenvolvimento de energia sem perda de matéria - e isso se concilia, sob nossos olhos, nos experimentos espiríticos."
     "Com efeito, salvo os casos de Katie King, em Londres, e de Eleonora, em Barcelona, nos quais esses seres espiríticos ficaram em nosso meio, nas sessões, por dias e anos, destes fantasmas só em alguns casos vemos o corpo completo, materializado, e mais frequentemente vemos alguns membros, a mão, um braço, etc., que saem da cortina da câmara mediúnica, e têm a tendência instintiva de regresso à câmara, depois do seu volitejar."
     "E palpando-os, rara vez e por pouquíssimo tempo, nós verificamos o estado sólido, porém mais frequentemente sentimos partir da cortina um corpo fluídico que se infla e se desvanece sob a nossa pressão, sem que por isso possamos declarar não existentes, e sim, exatamente por isso, que é formado de alguma substância que foge ao nosso tato, porque mais fluida, mais sutil do que alguns daqueles gases cuja existência negamos e talvez ainda negaríamos se a Química não os tivesse confirmado."
     "Evidentemente, porém, esses seres ou remanescentes de seres não teriam um meio de adquirir completa consistência, de incorporar-se (ou materializar-se), se não tomassem por momentâneo empréstimo uma parte da substância do médium, que está naquele instante, geralmente, profundamente adormecido, perdendo transitoriamente parte do próprio peso (ver cap. seguinte) e também, parece, do próprio volume corporal (ver o livro de Aksakof, Um Caso de Desmaterialização). Mas o tomar emprestado a força e a substância do médium não quer dizer identificar-se com ele. Tudo, pois, conduz à hipótese de que a Alma resulta da matéria radiante, provavelmente imortal, ao menos resistente a muitos séculos, e que se centuplica de energias para atingir a dos vivos, assimilando uma parte da substância orgânica, ou ectoplasma (no dizer do prof. Richet), que os médiuns liberam, com exuberância, durante o transe. E com isto se explicaria a grande potência desses médiuns."  

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