sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

84) Animismo ou Espiritismo? Qual deles explica os fatos?

  
     Segundo alguns estudiosos, as duas obras mais importantes da ciência espírita são "Animismo e Espiritismo" (1890, trad. de C. S., ed. FEB), do sábio russo Alexandre Aksakof, e "Animismo ou Espiritismo?" (1937, trad. de Guillon Ribeiro, ed. FEB), do filósofo italiano Ernesto Bozzano. Aliás, esta última, Bozzano nunca teve ideia de escrever, como ele próprio informa no seu prefácio:

     "Devo, antes de tudo, informar o leitor acerca das origens e da natureza do presente livro, que não é uma obra nova no verdadeiro sentido do termo, e que jamais tive ideia de escrever. Eis como se passaram as coisas."
     "O Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional, que se reuniu na cidade de Glasgow (Escócia) na primeira semana de setembro do corrente ano (1937), me escreveu, convidando-me a dele participar pessoalmente, oferecendo-me o cargo honorífico de vice-presidente do mesmo Congresso, e pedindo que lhe eu enviasse um resumo da minha obra, em torno do tema: Animism or Spiritualisme? Which Explains the Facts? ("Animismo ou Espiritismo? Qual Deles Explica os Fatos?"). Formidável tarefa, pois que se tratava de resumir a maior parte da minha obra de 40 anos. Mas, de súbito, o tema se me apresentou teoricamente muito importante. Aceitei então, sem hesitar, o convite e, como escasso era o tempo e vasta a tarefa, pus-me a reunir todas as minhas publicações sobre o assunto: livros, monografias, opúsculos, artigos em revistas e jornais, lançando-me sem demora ao trabalho."
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     "Como quer que seja, agora que concluí, muito me alegra que o Conselho Diretor do Congresso de Glasgow me haja levado a resumir-me a mim mesmo, porquanto da síntese de muitas publicações minhas, longas, breves, de ocasião, condensadas num livro de pequeno porte, surge, incontestável, a solução espirítica do mistério do Ser."
     
     Vejamos o que nos diz o psiquista italiano nas conclusões do seu livro:

     "O presente trabalho, embora seja apenas um resumo substancial de numerosas publicações minhas sobre o tema que me sugeriu o Conselho Diretor do Congresso Espírita de Glasgow, não deixa de revestir notabilíssimo valor teórico, porquanto da síntese de múltiplas publicações condensadas num livro de pequeno porte, faz ressaltar longa série de importantes conclusões secundárias, ou de categoria, tiradas das manifestações paranormais -- anímicas e espiríticas -- em todas as suas graduações. Conquanto de ordem particular, essas conclusões convergem, em imponente massa cumulativa, para uma conclusão solene, de ordem geral: a solução espirítica da formidável questão pesquisada pela nova ciência que se chama -- Metapsíquica." ( Hoje Parapsicologia -- obs. minha).
     "Não me parecendo oportuno repetir aqui todas as conclusões de ordem secundária a que cheguei, limitar-me-ei a recordar apenas três delas, de importância fundamental."
     "Em primeiro lugar, lembro haver demonstrado que as faculdades paranormais subconscientes não podem ser os germens de novos sentidos destinados a surgir e fixar-se de forma permanente na humanidade do futuro, e isso pelas múltiplas razões que aduzi baseado nos fatos, mas, principalmente, porque tudo concorre a provar que a posse de sentidos paranormais não se conciliaria com a natureza humana, de modo que as instituições civis, sociais, morais, longe de retirarem daí qualquer vantagem, seriam abaladas em seus fundamentos, anuladas, demolidas, dando em resultado que a evolução psíquica da espécie pararia, degenerando, por não mais funcionar a grande lei biológica da luta pela vida."
     "Uma vez conseguida essa demonstração, aplanado estava o caminho para o conhecimento da verdadeira natureza das faculdades paranormais em apreço, faculdades que são os sentidos espirituais da personalidade integral subconsciente, os quais existem, preformados, em estado latente, nos recessos da subconsciência, aguardando o momento de emergir e atuar no meio espiritual, depois da crise da morte, do mesmo modo que os sentidos terrenos existem, preformados, em estado latente, no embrião (no ventre materno), esperando o momento de emergir e atuar no meio terreno, depois da crise do nascimento."
     "Por outras palavras: se é indispensável que o embrião humano, destinado a viver e a atuar no meio terreno, tem de aí chegar provido de sentidos apropriados e preformados, prontos a exercitar-se depois da crise do nascimento, igualmente indispensável há de ser que o Espírito desencarnado tenha de chegar ao meio espiritual provido de sentidos apropriados e preformados, prontos a ser utilizados depois da crise da morte, porque não é possível que os sentidos espirituais sejam criados subitamente do nada no instante da morte. Segue-se que, se o Espírito sobrevive, tem que os possuir preformados, em estado latente, prontos a entrar em relação com o novo meio que o acolhe. Se assim não fosse, o Espírito não sobreviveria à morte do corpo. Donde se depreende que os fenômenos anímicos são os que facultam ao homem a prova mais solene e incontestável da sobrevivência."
     "E ouso esperar que os opositores que me lerem haverão de recordar-se, no futuro, de que toda vez que se aventurarem a combater a hipótese espirítica recorrendo aos poderes da subconsciência, ainda que amplificados a enormes latitudes, nada mais farão, realmente, do que demonstrar a existência e a sobrevivência da alma, com o se colocarem no ponto de vista do Animismo, antes que no do Espiritismo, o que, precisamente, vem a dar no mesmo. Com efeito, sob esse aspecto, não cabe aos fenômenos espiríticos senão aduzirem a prova complementar, embora de si importante, da mesma demonstração."
     "Em segundo lugar, lembro que ficou demonstrado já ser possível circunscrever-se, dentro de limites bem definidos, os poderes paranormais da subconsciência, poderes designados pelos nomes de clarividência no espaço e no tempo, telepatia, psicometria, telemnésia (esta última no sentido de leitura nas subconsciências de outros, sem limites de distância), demonstração cuja consequência é privar os opositores da hipótese espirítica da mais formidável arma de que dispunham para combatê-la, e de que se prevaleciam até ao absurdo."
     "Em terceiro lugar, lembro que também ficou demonstrado que, mesmo quando se admita -- a título de concepção teórica -- que as faculdades subconscientes possuem o atributo divino da onisciência, não se conseguiria neutralizar a possibilidade de obter-se um dia a prova científica da sobrevivência humana, possibilidade solidissimamente firmada no conjunto inteiro das manifestações paranormais -- anímicas e espiríticas -- e não apenas sobre as provas de identificação espirítica fundada nas informações pessoais fornecidas pelos desencarnados que se comunicam, conforme presumem constantemente os nossos opositores."
     "Evidente, portanto, se faz que a solução, no sentido aqui indicado, das três questões fundamentais em apreço, equivale à solução do problema do Ser em sentido espiritualista, donde se segue que o Animismo prova o Espiritismo, e de tal modo que, sem o Animismo, o Espiritismo careceria de base."
     "Ao mesmo tempo e como complemento das conclusões a que cheguei, discuti a fundo, nos capítulos 3 e 4, respectivamente, os casos das comunicações mediúnicas entre vivos e os fenômenos de bilocação, duas categorias de manifestações teoricamente importantíssimas por corroborarem as referidas conclusões, em sentido espiritualista."
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     "Em realidade, o capítulo 5 é o mais importante do presente livro, porquanto nele se demonstra, baseada em fatos, a assertiva de que, ainda que se concedesse a onisciência divina à subconsciência humana, não se chegaria a anular a possibilidade de provar-se cientificamente a sobrevivência. Ora, assim sendo, lícito se torna afirmar que o material de fatos por mim reunido e comentado nesse capítulo, derroca todas as hipóteses e todas as objeções, legítimas ou sofísticas, de que dispõem os opositores, fazendo triunfar a causa da verdade por maneira teoricamente resolutiva. Digo teoricamente, porque, praticamente, haverá sempre os grupos dos irredutíveis, que descrevi nas conclusões do aludido capítulo, os quais, embora não consigam refutar o que ali se contém, se manterão do mesmo modo recalcitrantes ou céticos, devido à existência bastante conhecida de uma forma de idiossincrasia psíquica que torna impermeáveis as vias cerebrais a novas verdades (misoneísmo, ou aversão a ideias novas)."
    
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     "Concluo, epilogando as resultantes obtidas e o faço em forma de resposta à questão que me submeteu o Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional de Glasgow: "Animismo ou Espiritismo? Qual deles explica os fatos?". Respondo: "
     "Nem um nem outro, pois que ambos são indispensáveis à explicação do conjunto dos fenômenos paranormais, cumprindo se observe, a propósito, que eles são efeitos de uma causa única: o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes, durante a existência encarnada, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta, na condição de desencarnado, no mundo dos vivos, determina os fenômenos espiríticos. Decorre daí um importante ensinamento: que os fenômenos metapsíquicos, considerados em conjunto, podem ser anímicos ou espiríticos, conforme as circunstâncias. É racional, com efeito, supor-se que o que um Espírito desencarnado pode realizar, também deve podê-lo -- embora menos bem -- um Espírito encarnado, sob a condição, porém, de que se ache em fase transitória de diminuição vital, fase que corresponde a um processo incipiente de desencarnação do Espírito (sono natural, sono sonambúlico, sono mediúnico, êxtase, delíquio, narcose, coma, etc.)."


      Abaixo estão as obras, publicadas em volume, de Ernesto Bozzano (1862 - 1943). Esta relação foi estabelecida, em 1941, pelo grande amigo de Bozzano, o médico, e também psiquista Gastoni de Boni (1908 - 1986), e foi colhida no livro "Povos Primitivos e Manifestações Paranormais (Editora do Conhecimento, 2011), de Bozzano, com apresentação de de Boni. De Boni sustenta que se toda a obra de Bozzano, aí incluídos os artigos por ele escritos em diversos jornais e revistas especializadas de várias partes do mundo, fossem fundidos num só volume, chegar-se-ia a algo em torno de 15.000 páginas.
     No final do livro "A Alma nos Animais", publicado pela editora Golden Books (uma tradução do 11º livro listado na relação abaixo, reformulado e aumentado por Bozzano em 1941), cheguei a contar 243 trabalhos do pensador italiano, entre aqueles que figuram abaixo, mais monografias e artigos publicados em diferentes jornais e revistas de Metapsíquica e Espiritismo científico. Eis a relação apresentada por de Boni:

  1) O Espiritismo Diante da Ciência - 1901
  2) Hipótese Espirítica e Teoria Científica - 1903
  3) Casos de Identificação Espirítica - 1909
  4) A Propósito da "Psicologia e Espiritismo", do prof. E. Morselli -1909
  5) Fenômenos Premonitórios - 1912
  6) Fenômenos de Assombramento - 1917
  7) Fenômenos de Telestesia - 1920
  8) Os Enigmas da Psicometria - 1921
  9) Fenômenos de Telecinésia em Relação com Eventos de Morte - 1922
10) Música Transcendental - 1922
11) As Manifestações Metapsíquicas e os Animais - 1923
12) Comunicações Mediúnicas Entre Vivos - 1924
13) Fenômenos de Obsessão e Possessão - 1926
14) Manifestações Paranormais Entre os Povos Selvagens - 1926
15) A Propósito da Introdução à Metapsíquica Humana - 1927
16) Pensamento e Vontade, Forças Plásticas e Organizadoras - 1927
17) Premonições, Precognições, Profecias - 1927
18) Primeiras Manifestações de "Voz Direta" na Itália - 1929
19) A Crise da Morte nas Descrições dos Desencarnados Que se Comunicam - 1930
20) Algumas Variedades Teoricamente Interessantes de Identificação Espirítica - 1930
21) Aparições de Mortos no Leito de Morte - 1930
22) Literatura de Além Túmulo - 1930
23) Visão Panorâmica ou Memória Sintética na Iminência da Morte - 1931
24) Gemas, Amuletos e Talismãs - 1931
25) Fenômenos de Transportes - 1931
26) Crianças Videntes e Visões de Mortos - 1931
27) Marcas e Impressões de Mãos de Fogo - 1931
28) William Stainton Moses e a Crítica Científica - 1931
29) A Propósito das Revelações Mediúnicas - 1931
30) A Propósito de Espíritos Materializados e de Revelações Transcendentais - 1931
31) Materializações de Espíritos em Proporções Minúsculas - 1932
32) Criptestesia e Sobrevivência - 1932
33) Telepatia e Psicometria em Relação à Mediunidade da Sra. Piper - 1933
34) Simbolismo e Fenômenos Metapsíquicos - 1933
35) Xenoglossia (Mediunidade Poliglota) - 1933
36) Breve História das Pancadas Mediúnicas - 1933
37) Em Defesa dos Fenômenos Mediúnicos de Efeitos Físicos - 1933
38) Fenômenos de Bilocação - 1934
39) Fenômenos de Transfiguração - 1934
40) Experiências Mediúnicas e Eventos de Morte Relativos aos Fenômenos de Assombramento - 1935
41) Manifestações Olfativas de Ordem Patológica, Telepática, Paranormal - 1936
42) Telepatia, Telemnésia e a Lei da "Relação Psíquica" - 1938
43) Personalidades Mediúnicas Que Sugerem Personalidades Subconscientes - 1940
44) Romancistas de Gênio e Heróis de Roma Considerados em Relação com a Pesquisa Psíquica - 1940
45) A Faculdade Paranormal - 1940
46) Pesquisas Sobre as Manifestações Paranormais - 1931 (Vol. 1)
47) Idem - 1931 (Vol. 2)
48) Idem - 1932 (Vol. 3)
49) Idem - 1933 (Vol. 4)
50) Idem - 1938 (Vol. 5)
51) Idem - 1940 (Vol. 6)
52) Animismo ou Espiritismo? - 1938 


Um comentário:

  1. Oi, irmãos

    Adão é um jornalista em fim de carreira, que sempre desejou entrevistar grandes nomes da humanidade que o influenciaram, passa a questionar sua própria sanidade quando esses nomes, que já morreram, começam a aparecer em seu apartamento fazendo-o refletir sobre os rumos de sua vida.

    Esse é o resumo do novo espetáculo de Renato Prieto, o André Luiz de Nosso Lar, o Filme - ENCONTROS IMPOSSÍVEIS que estréia dia 04/05 no Teatro do Leblon - Rio de Janeiro. Um espetáculo maravilhoso que alia a tecnologia teatral de ponta e a sensibilidade característica do ator.

    http://renatoprieto.wordpress.com/2013/04/09/encontros-impossiveis-novo-espetaculo-de-renato-prieto-estreia-em-0405-as-18hs-teatro-do-leblon/

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