quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

81) O sábio russo Alexandre Aksakof presencia a materialização do Espírito Katie King, antes de Sir William Crookes

Alexandre Aksakof

William Crookes
   
     Alexandre Aksakof -- o sábio russo e incansável pesquisador dos fenômenos psíquicos, pois viajou meio mundo para estudá-los; Conselheiro de Estado de Sua Majestade, o Imperador (Czar) de todas as Rússias, Alexandre III; doutor em filosofia; professor de línguas estrangeiras na Academia Alemã de Leipzig (falava 8 línguas correntemente); fundador e diretor de duas das melhores revistas com que a imprensa espírita já contou: "Psychische Studien", na Alemanha e "Rebus", na Rússia; tradutor de diversas obras estrangeiras para o alemão e o russo, cujo nome se aureolou do respeito e da admiração de todos os chamados metapsiquistas -- narra em sua grande obra "Animismo e Espiritismo", traduzida para todas as línguas cultas do mundo, uma completa e brilhante refutação às teses antiespíritas do filósofo alemão Eduardo von Hartmann, o fenômeno de materialização do Espírito Katie King, antes dos célebres experimentos, com esses mesmos fenômenos, do notável físico-químico inglês, Sir William Crookes. Conta-nos Aksakof em sua obra:
     "Farei aqui uma breve digressão, narrando a minha entrevista com Katie King, entrevista que ainda não foi publicada pela imprensa estrangeira. Em 1873, o Sr. Crookes tinha publicado os seus artigos sobre a força psíquica, porém, não acreditava ainda nos fenõmenos de materialização, e dizia que só acreditaria nesses fenômenos quando visse, ao mesmo tempo, o médium e a forma materializada. Achando-me em Londres, nessa época, desejei naturalmente presenciar esse fenômeno, e fui graciosamente convidado para assistir à sessão que se devia realizar a 22 de outubro."
     "Reunimo-nos em um pequeno aposento que servia de sala de jantar. A médium, Srta. Florence Cook, sentou-se em uma cadeira, no canto formado pelo fogão e a parede; atrás havia uma cortina corrediça; o Sr. Luxmoore, que dirigia a sessão, exigiu que eu examinasse bem o local e as ligaduras da médium, pois pensava ser esta última precaução sempre indispensável. Em primeiro lugar, ligou ele cada uma das mãos da médium, separadamente, com uma fita de linho, selou os nós, depois, reunindo as mãos por trás das costas, ligou-as conjuntamente com as extremidades da mesma fita e, de novo, selou os nós; depois, ligou-as ainda com uma longa fita, que fêz passar por fora da cortina, por baixo de um gancho de cobre, que foi preso à mesa perto da qual estava sentado; deste modo, a médium não podia mover-se sem imprimir um movimento à fita. O aposento estava iluminado por pequena lâmpada, colocada atrás de um livro."
     "Ainda não havia decorrido um quarto de hora e a cortina foi afastada suficientemente, para deixar ver uma forma humana, em pé, vestida completamente de branco, com o rosto descoberto, mas tendo os cabelos envolvidos com um véu branco, e as mãos e os braços nus -- Era Katie. Na mão direita ele segurava um objeto, que entregou ao Sr. Luxmoore, dizendo-lhe: É para o Sr. Aksakof; eu lho ofereço. Ela me oferecia um pote de doce! E a entrega desse presente provocou um riso geral. Como se vê, a nossa primeira entrevista nada teve de místico. Tive a curiosidade de perguntar donde vinha esse pote de doce e Katie deu-me esta resposta, não menos prosaica que o presente: Da cozinha. Durante toda essa sessão, ela conversou com as pessoas presentes e andou de um lado para o outro; a sua voz era abafada; só se percebia um ligeiro cochicho; repetia a todo instante: -- Façam-me perguntas, perguntas sensatas; então, perguntei-lhe: -- não poderás mostrar-me a tua médium? Ela me respondeu: -- Sim, venha ligeiro e olhe.

     Imediatamente, com Katie a minha frente, atravessei as cortinas das quais eu estava apenas afastado 5 passos; a forma branca tinha desaparecido, e, diante de mim, em um canto escuro, avistei a médium, sempre sentada na cadeira; trajava vestido de seda preta e, assim, não pude vê-la distintamente na escuridão. Logo que voltei ao meu lugar, Katie tornou a aparecer saindo do gabinete e perguntou-me: -- Viu bem? -- Não muito bem, respondi; -- estava escuro atrás da cortina. -- Então segure a lâmpada e olhe depressa, respondeu-me Katie. Em menos de um segundo, precedido por Katie, coloquei-me atrás da cortina, com a lâmpada na mão; todo vestígio de Katie tinha desaparecido, e eu me achava em presença da médium, que estava sentada na cadeira, com as mãos ligadas por trás e mergulhada em profundo sono."
     "A luz da minha lâmpada, caindo sobre o seu rosto, produziu o efeito costumeiro: a médium gemeu, fazendo esforços para acordar; saí rapidamente do gabinete e ouvimos um interessante colóquio travar-se, atrás da cortina, entre a médium, que queria acordar completamente, e Katie, que queria adormecê-la ainda; ela, porém, teve que ceder; Katie saiu do gabinete, despediu-se dos assistentes, voltou ao gabinete e se fêz silêncio; a sessão estava terminada."
     "O Sr. Luxmoore convidou-me a examinar bem as ligaduras, nós e selos; tudo estava intacto; quando tive de cortar os laços, senti grande dificuldade para introduzir a tesoura sob as fitas, tão fortemente tinham sido atados os punhos. Examinei de novo, detidamente, o gabinete, logo que a Srta. Cook o deixou... Para mim, era evidente que não fôramos joguete de mistificação por parte da Srta. Cook. Mas, então, donde tinha vindo e por onde havia desaparecido essa forma branca, viva, falante -- uma verdadeira personalidade humana?"
     "Lembro-me muito bem da impressão que experimentei nesse dia. Eu estava certamente preparado para ver essas coisas, entretanto, custou-me acreditar nos meus olhos. O testemunho dos sentidos, a lógica mesmo, me forçavam a crer, enquanto a razão a isso se opunha, tanto é verdade que a força do hábito subjuga os nossos raciocínios. Entre os meus escritos, encontro esta nota que se relaciona com a época das experiências em questão: Confesso que as sessões da Srta. Cook me impressionaram vivamente; de um lado, eu hesitava em crer nos meus olhos; entretanto, a evidência dos fatos, as condições em que se produziram, obrigavam-me a aceitá-los. ( - )
     "Katie cumpriu a sua promessa de deixar-se fotografar. Ninguém suporia, nessa época, que essas experiências fotográficas seriam feitas pelo Sr. William Crookes, descrente ainda dos fenômenos de materialização. Durante a conversa que tive com Crookes, após a sessão relatada, pediu ele a minha opinião sobre essas manifestações. Respondi-lhe que me via forçado a considerá-las autênticas. E ele observou: -- Nenhuma ligadura me fará crer nesse fenômeno; a meu ver, a ligadura não oferece embaraços à força psíquica que age; não me darei por convencido enquanto não vir, ao mesmo tempo, a médium e a forma materializada." (Obs. da editora: Crookes convenceu-se, pois obteve essa prova posteriormente: -- Tenho a mais absoluta certeza, diz o ilustre sábio, de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos; ver o seu livro, cujo título em português é, "Fatos Espíritas").

Obs. minha: Sir William Crookes (1832-1919) foi um físico e químico inglês, célebre pelos seus trabalhos nessas disciplinas, entre os quais avultam: a descoberta de um novo elemento químico, o tálio (nº atômico 81); a invenção dos tubos chamados tubos de Cookes, base da radiografia, onde estudou as propriedades dos raios catódicos; a descoberta da cintilometria e a construção do espintariscópio; a construção de outro aparelho de medição científica, o radiômetro, além de outros trabalhos sobre espectroscopia, radioatividade, meteorologia, etc..

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