sábado, 20 de outubro de 2012

79) O Inabitual na Biologia - Curas Inacreditáveis

     
     Este é o título do Capítulo I, Livro II, Segunda Parte, pág. 93, ed. LAKE, 1956, da obra intitulada "A Grande Esperança", do médico, fisiologista e professor catedrático de Fisiologia da Sorbonne, Prêmio Nobel de Medicina, Charles Richet, criador da Metapsíquica (hoje Parapsicologia). Escreve o saudoso mestre:
     "Eis um fato assinalado por Duchatel e Warcollier (Les Miracles de la Volonté, Paris, Durville, 1913, págs 89 a 96)." 

"A Srta. B., com 28 anos de idade, órfã. Um irmão morto de tuberculose com a idade de 8 anos. Ela também está tuberculosa, e tem que se recolher definitivamente ao leito em abril de 1905. No fim do ano, três médicos chamados em consultas separadas fazem o mesmo diagnóstico: 1º -  perda absoluta de sensibilidade e de movimento dos membros inferiores; 2º -  inchação extrema do abdome, com muitas dores, tornando impossível a palpação; 3º -  respiração diminuída dos dois lados, estertores do lado esquerdo e ruídos submaciços; 4º -  sensibilidade aguda na região vertebral e a coluna apresentando uma curvatura convexa a esquerda."
     "Estado geral: emagrecimento e fraqueza extrema, perda de apetite, constipação pertinaz, insônia por lesão da coluna vertebral, tuberculose pulmonar e peritonial, estado gravíssimo."
     "A 28 de janeiro de 1906, o Dr. Levy vai ver essa pobre mulher, concluindo que não há esperança alguma de cura. Ela está inerte no leito, somente os braços conservam alguns raros movimentos, e pode ligeiramente virar a cabeça do lado direito. Mas assim que se lhe levanta o corpo, a cabeça pende pesadamente. Não se pode sentá-la no leito, a coluna não tem firmeza alguma. Cada um de seus movimentos provoca uma síncope, o ventre está muito crescido e as alças intestinais distendidas desenham-se sob a parede abdominal."
     "Em desespero de causa, chamou-se então o Sr. Emile Magnin para experimentar um tratamento pelo magnetismo. A Srta. B. contou-lhe isto: A 18 de fevereiro, às duas horas da manhã, minha lâmpada apagou-se duas vezes. Ouvi então uma voz, vinda do quarto vizinho: -- Podes tu suportar a prova? E eu respondi: -- sim !"
     "Então aproximou-se de mim uma fina mão, alongada, segurando uma flama que iluminou todo o quarto e pude ler estas palavras: -- a 8 de maio tu te levantarás. A visão desapareceu lentamente e, após alguns minutos de obscuridade, a lâmpada se acendeu sozinha"
( ! ).
     "Diante disso, o Sr. Magnin, de acordo com os médicos, dá passes magnéticos que acalmam as dores e trazem um pouco de sono à doente. A 8 de março a doente conta a seu novo médico, Sr. Magnin, que via diante de si uma linda senhora; depois seu busto se acalma, ela se move e vira a cabeça, faz esforços para se sentar, ficando perfeitamente ereta, sentada no leito. O Sr. Magnin então pergunta à linda senhora (que ele não via): -- Se sois vós quem aí estais, tendes poder para fazer a doente andar? A doente ergue lentamente a perna direita, depois a perna esquerda, apóia-se contra o leito e faz duas vezes a volta à cama. Pouco a pouco a expressão muda; há uma verdadeira transfiguração. -- Não creio alterar a verdade, diz o Sr. Magnin, ao dizer que vi uma pálida auréola circundando a cabeça da doente. Depois, a dois passos do seu leito, o busto se curvou, a cabeça tornou a pender e as pernas se dobraram. O Sr. Magnin amparou-a em seus braços e a recolocou no leito."
     "A 16 de março dormiu sete horas. Disse que a sua amiguinha lhe mandara estender as mãos que tocara, tendo ela então sentido uma força nova. Escreveu depois uma carta, o que não acontecia havia 23 meses."
     "Cessaram as hemoptises. Em 15 de maio estava definitivamente curada! Algum tempo depois, casou-se e teve dois filhos."

     "Detenhâmo-nos um instante nesta história extravagante. Em primeiro lugar, ela é autêntica, pois não se pode acusar o Sr. Magnin de mentiroso. Conheço-o passoalmente e sei que ele é de uma honestidade escrupulosa e sua sagacidade de observador e de crítico é incontestável. É preciso, pois, aceitar os fatos tais como ele os relata."
     "1º -  Uma doente cujos pulmões estão tuberculosos, que tem uma lesão óssea da coluna vertebral e uma paraplegia devida a uma compressão medular (mal de Pott -- tuberculose vertebral), curada em 3 meses e curada completamente; os 4 médicos que a examinaram não hesitaram no diagnóstico e num prognóstico rapidamente fatal. Ela estava, pois, absolutamente condenada , e, no estado atual da ciência médica, não havia dúvida de que jamais se pudesse salvar um doente tão grave."
     "2º -  A presença (muito hipotética no entanto) da linda senhora (uma alucinação evidente) teve conexão com a cura. A Srta. B. ouviu-a, viu sua mão carregando uma luz e sentiu mesmo o seu contato. (Sim, foi sem dúvida uma alucinação. Mas a palavra alucinação é bem depressa empregada. É uma alucinação bem singular, pois ela indicou a cura inacreditável. E, como diz o Sr. Magnin, a descrição que a Srta. B. fêz da linda senhora parece concordar com uma personalidade, já falecida, da família dele próprio)."
     "3º -  Que dizer da pálida auréola que o Sr. Magnin viu em redor da cabeça da doente? Teria sido também uma alucinação do próprio Sr. Magnin?"
    
     "Se se quisesse, a toda força, encontrar explicações racionais desses fatos estranhos, seríamos forçados a dizer:"
     "1º -  Que os médicos diagnosticaram mal de Pott, quando era apenas histeria ( ! )"
     "2º -  Mesmo atacados de mal de Pott e de tuberculose pulmonar, os doentes algumas vezes saram (em 3 meses?)."
     "3º -  A linda senhora não passa de imaginação da Srta. B.."
     "4º -  A auréola não passa de alucinação do Sr. Magnin."

     "Mas vê-se imediatamente a que ponto essas quatro suposições são absurdas. Mais vale reconhecer francamente que nada compreendemos."    





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