"Sem dúvida, uma lesão cerebral produz a perda de faculdades físicas ou psicológicas correspondentes; mas, que prova isso, uma vez que o cérebro é, neste plano, o instrumento necessário, sine qua non, da manifestação do espírito encarnado? -- Se em vez de ser a causa, ele é apenas a condição? Se o melhor músico do mundo só dispusesse de um piano com falta de algumas teclas, ou de instrumento outro de construção defeituosa, seria lícito negar talento musical a esse músico só por lhe falhar o instrumento, sobretudo quando, ao seu lado, outros artistas, por disporem de instrumentos à altura de seus talentos, se fazem admirar por quem os ouve?"
Modernamente, o físico quântico Amit Goswami, em seu livro "O Universo Autoconsciente" (1993), escreve:
O materialista sustenta que os fenômenos mentais subjetivos (como o pensamento, por exemplo) são apenas epifenômenos da matéria, isto é, fruto do movimento de células cerebrais. Se queremos compreender o comportamento de objetos quânticos, contudo, parece que precisamos introduzir o conceito de uma consciência interior extracerebral -- nossa capacidade de escolher -- de acordo com a ideia da ligação sujeito-objeto. Parece absurdo que um epifenômeno da matéria possa afetá-la: se a consciência é um epifenômeno, de que modo pode ela fazer com que objetos quânticos (como elétrons) obedeçam ao nosso comando? De fato, objetos quânticos se apresentam no nosso mundo espaço-temporal como ondas ou partículas, dependendo do modo como queiramos realizar os experimentos.
Obs. minha: em minha modesta opinião, o cérebro é uma espécie de computador extremamente complexo, através do qual se comunica a consciência interior, posta em consonância vibratória com o computador cerebral, através do qual se manifesta no mundo do espaço-tempo, em que é seu destino viver, sofrer as provas da vida terrestre e evoluir. Valho-me nesse ponto de um texto do inigualável mestre e filósofo italiano Ernesto Bozzano, fazendo contudo ligeiras adaptações. Escreve ele:
Mediante as novas concepções
relativas ao ser, muito melhor se explicariam as causas por que um
induvíduo perde temporariamente a razão sob a influência de uma bebida
alcoólica, ou deixa de raciocinar continuamente se o instrumento
cerebral funciona incorretamente, como na demência. Torna-se então
evidente que, se o computador cerebral apresenta avarias em suas
partes internas, a consciência interior (que opera o computador) já não
se achará em condições de receber corretas percepções exteriores, nem,
muito menos, em condições de agir na periferia com pensamentos e atos
apropriados, os quais continuarão a ser transmitidos, porém alterados e
deformados em representações incongruentes pelo computador cerebral
defeituoso. ("Animismo ou Espiritismo? Qual deles explica os fatos?", 4ª ed., FEB, 1987, trad. de Guillon Ribeiro, pág. 161).
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