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Sir Oliver Lodge |
Sir Oliver Joseph
Lodge (1851-1940) foi um físico experimental e escritor inglês. Doutor
em ciências, Professor de Física da Universidade de Londres, Professor
de Filosofia Natural do Colégio de Bedford, Professor Catedrático de
Física da Universidade de Liverpool, Reitor da Universidade de
Birmingham, membro da Royal Society of London, recebeu a Medalha Rumford
da Royal Society em 1898, e foi nomeado Cavalheiro do Reino Unido pele
Rei Eduardo VII em 1902, passando a usar o título honorífico de "Sir".
Fêz investigações originais sobre os
fenômenos do relâmpago e do raio, sobre a fonte da força eletromotriz na
célula voltaica, sobre os fenômenos da eletrólise e da velocidade dos
íons, sobre a aplicação da eletricidade para dispersar a neblina e a
fumaça, sobre o arrastamento do suposto "éter cósmico" por corpos
massivos, sobre as ondas eletromagnéticas e sobre a telegrafia sem fio,
sendo considerado um pioneiro com relação à radiocomunicação.
Em 14/08/1894, conseguiu transmitir
sinais de rádio em uma conferência na Associação Britânica para o
Progresso da Ciência, aperfeiçoando o detector de ondas de Branly,
acrescentando a ele um vibrador que deslocava a limalha acumulada,
restaurando assim a sensibilidade do aparelho. Com este detetor
aperfeiçoado, que Lodge denominou coesor, obteve a patente para sintonização em telegrafia sem fio, patente que foi adquirida, em 1911, pela Companhia Marconi, do inventor do rádio, Eng. Guglielmo Marconi.
Lodge também deu uma contribuição significativa aos motores quando inventou a vela de ignição
para o motor de combustão interna. Seus filhos, Alex e Brodie, criaram a
Lodge Plug Company, que produziu velas de ignição para automóveis e
aviões. Outros dois filhos seus, Noel e Lionel, criaram uma empresa que
produzia uma máquina para limpar a fumaça das fábricas. Além de inventar
a vela de ignição e o telégrafo sem fio, Oliver Lodge também inventou o sintonizador variável.
No fim do século dezenove,os físicos
acreditavam que as ondas eletromagnéticas se propagavam num meio
hipotético, que foi chamado de "éter cósmico", mas tinham dúvidas se os
corpos, em seu movimento, arrastavam ou não o suposto éter. Para dirimir
tais dúvidas, Sir Oliver Lodge planejou um experimento, realizado em
1896. Instalou grandes discos de aço, de 2 metros de diâmetro, eletrizou e magnetizou fortemente
os discos, fê-los girar a velocidades tão grandes que pouco lhes faltava
para arrebentar, e então enviou raios luminosos pelo estreito espaço (1 centímetro) entre os discos rodantes - no mesmo sentido do movimento dos discos, e
em sentido contrário ao movimento dos mesmos. Se as rodas que giravam,
levavam ou revolviam o éter, isto se revelaria na aceleração ou
retardamento da velocidade dos raios de luz levados pelo éter. Mas Lodge
não pode encontrar nenhum efeito. "O éter e a matéria são mecanicamente
independentes, e os corpos não arrastam consigo o suposto éter em seu
movimento", foi a conclusão de Lodge.
Obs. minha: A partir de 1905, a teoria do "éter cósmico" foi abandonada pela ciência, pelo menos como meio de propagação das ondas eletromagnéticas, entre outras razões porque, tendo tais ondas caráter duplo, isto é, apresentando-se também como compostas de partículas (fótons), não necessitam de um meio por onde se propagar.
Desde o final do
século dezenove, Sir Oliver Lodge já se preocupava em pesquisar os
fenòmenos do "Espiritualismo Moderno", como dizem os ingleses e
norteamericanos. Em 1909, publicou uma grande obra, "A Sobrevivência do Homem" em que declara textualmente: Que
o homem sobrevive à morte do corpo é convicção certa minha, baseada, de
mais a mais, numa longa série de fatos naturais e experimentais.
Em 14/09/1915, faleceu-lhe o
filho, Raymond Lodge, em batalha da 1ª Guerra Mundial, na qual se havia
alistado como Segundo-Tenente. Desde então, ele manifestou o desejo de
se comunicar com o pai, mãe e irmãos, a fim de lhes provar que não havia
morrido de fato, e lhes ministrar alguns ensinamentos sobre o mundo
espiritual. A maioria das comunicações veio através de uma médium
inglesa muito conhecida, a Sra. Osborne Leonard, que conhecia Sir
Oliver, mas não sua esposa e filhos, que foram a ela incógnitos, e
puderam dialogar com Raymond, como se vivo estivesse. Depois, os Lodge
(pai, mãe e irmãos) buscaram outros médiuns, deles desconhecidos,
comparecendo às sessões incógnitos, sem que ninguém lhes soubesse os
nomes e a identidade, e o mesmo Raymond se manifestava, mantendo uma
incrível identidade e continuidade de pensamentos e opiniões que
acabaram convencendo os Lodge, a princípio céticos (principamente a mãe e
irmãos), de sua permanência e imortalidade. Sir Oliver Lodge escreveu
então uma bela obra, intitulada "Raymond", que fêz muito sucesso na
época, dedicada a mostrar ao mundo as múltiplas provas obtidas pela
família, acerca da sobrevivência espiritual de Raymond. Esta obra foi
traduzida para a nossa língua pelo saudoso escritor Monteiro Lobato.
Vejamos o que escreve Sir Oliver Lodge em sua introdução:
Esta obra leva o nome de um filho meu morto na guerra (obs. minha: 1ª Guerra Mundial).
Jamais ocultei a minha crença de que a personalidade não só persiste,
como ainda continua mais entrosada no nosso viver diário do que
geralmente o supomos; de que não há nenhuma solução de continuidade
entre os vivos e os mortos; e de que existem processos de
intercomunicação bastante efetivos quando o afeto intervém. Como disse
Sócrates a Diotima, O AMOR VENCE O ABISMO (Symposium, 202 e 203).
Mas não é somente a afeição
que controla e fortalece o intercâmbio paranormal: o interesse
científico e o zelo missionário também se revelam eficazes; e foi
sobretudo graças a esforços deste gênero que eu e outros investigadores
gradualmente nos convencemos, através de experiências diretas, de um
fato que, não há de tardar muito, far-se-á evidente para todo o gênero
humano. (...)
Até a morte do meu filho,
nenhuma criatura se me apresentara ansiosa de comunicação; e embora
surgissem amigos promotores de mensagens, eram mensagens de gente da
velha geração, diretores da Society for Psychical Research, e antigos
conhecimentos meus. Já agora, entretanto, sempre que eu ou alguém da
minha família recorremos anonimamente a um médium, a mesma criatura se
apresenta, sempre ansiosa de dar provas da sua identidade e
sobrevivência.
E tenho que o conseguiu. O
ceticismo da família, que nos primeiros meses foi muito forte, acabou
vencido pelos fatos. Ignoro em que extensão estes fatos possam ser
compreendidos por estranhos. Mas reclamo uma atenção paciente; e se
incido em erros, já no que incluo, já no que omito, ou se minhas notas e
comentários carecem de clareza, peço aos leitores, em todas as
hipóteses, uma interpretação amiga: porque, em matéria tão pessoal, não
ignoro que fico exposto à crueldade e ao cinismo da crítica.
Poderão alegar: por que
motivo atribuir tanta importância a um caso individual? Na realidade,
não lhe atribuí nenhuma importância especial; mas acontece que cada caso
individual é de interesse, porque tem plena aplicação nesta matéria a
máxima -- "ex uno disce omnes". Se posso estabelecer a sobrevivência de um só indivíduo, "ipso facto", tê-la-ei estabelecido para todos.
Eu já tinha a sobrevivência
como provada, graças aos esforços de Frederic Myers e de outros da
Society; mas nunca são demais as provas, e a discussão de um novo caso
não esfraquece a evidência já conseguida. Cada vara do feixe deve ser
testada e, a não ser que defeituosa, aumenta a força do feixe.
E no epílogo:
Estou
convencido da sobrevivência da personalidade depois da morte como o
estou da minha existência na Terra. Poderão alegar que essa convicção
não se baseia na experiência dos meus sentidos. Responderei que sim. Um
cientista especializado em Física não está sempre limitado pelas
impressões sensoriais diretas; lida com uma multidão de coisas e
conceitos para os quais seus sentidos são como inexistentes. A teoria
cinética dos gases, por exemplo, as teorias da eletricidade, do
magnetismo, das afinidades químicas, da coesão molecular, da eletrólise,
das ondas eletromagnéticas, levam-no a regiões onde a vista, o ouvido, o
olfato e o tato são impotentes para qualquer testemunho direto. Em tais
regiões tudo tem de ser interpretado em termos do insensível, do não
substancial e do imaginário. Não obstante, essas regiões do conhecimento
tornam-se-lhe tão claras e vivas como as coisas materiais. Fenômenos
comuníssimos requerem interpretação baseada nas ideias mais sutis -- a
própria solidez aparente da matéria pede explanação -- e as entidades
não materiais com que os físicos trabalham, gradualmente revelam tanta
realidade como tudo quanto ele conhece sensorialmente.
E como é assim, irei mais
longe dizendo que estou convicto da existência de "graus do ser", não
somente mais baixos na escala do que o homem, como também mais altos --
graus de toda ordem de magnitude, do zero ao infinito. E sei, por
experiência, que entre os seres alguns existem empenhados em ajudar e
guiar a humanidade, não desdenhando a entrar em detalhes mínimos, se
desse modo podem assistir às almas que lutam por elevar-se. E creio
ainda que entre esses altos Seres, um existe ao qual por instinto o
cristianismo consagra reverência e devoção.
Os que julgam que a era do
Messias está passada, confundem-se estranhamente; essa era mal começou.
Para as almas individuais o cristianismo floresceu e deu frutos, mas
para os males do mundo é ainda um remédio não experimentado. Será
estranho que a horrível guerra de hoje fomente e melhore o conhecimento
do Cristo, e ajude a humanidade a compreender a inefável beleza de sua
vida e de seus ensinamentos; entretanto, coisas ainda mais estranhas têm
acontecido; e seja lá como as Igrejas se comportem, creio que a voz de
Jesus ainda será ouvida por uma grande parte da humanidade, como nunca o
foi até hoje.
Meu viver na Terra
aproxima-se do fim; pouco importa, espero não ir-me antes de dar o meu
testemunho da graça e da verdade que emanam desse divino Ser -- cujo
amor pelos homens pode ser obscurecido pelos dogmas, mas nunca deixará
de ser acessível aos mansos e humildes.
A intercomunhão entre os
estados, ou graus da existência, não se limita a mensagens a amigos ou
parentes, ou a conversas com personalidades do nosso nível -- isto
constitui uma pequena parte da verdade inteira; esse intercurso entre os
estados da existência traz consigo -- ocasionalmente às vezes, às vezes
inconscientemente -- comunhão com altíssimas almas que se foram antes
de nós. A verdade dessa influência contínua coincide com as mais altas
Revelações feitas ao gênero humano. Esta verdade, quando assimilada pelo
homem, significa a certeza da realidade da oração, bem como a certeza
da simpatia ou graça d'Aquele que jamais desprezou os que sofrem, os
pecadores, os humildes; e significa ainda mais: a possibilidade, algum
dia, de um olhar ou de uma simples palavra do Eterno Cristo. ("Raymond", Edigraf, 1972, trad. de Monteiro Lobato).
Para
finalizar, um último excerto, extraído do livro escrito por Lodge em
1928, "Why I Believe in Personal Immortality", traduzido por Francisco
Klörs Werneck, ed. Calvário, 1973, sob o título "Por Que Creio na
Imortalidade da Alma":
Conheço o peso da palavra "fato" na Ciência e digo, sem
hesitação, que a continuidade individual e pessoal é para mim um fato
demonstrado. (...) A evidência da identidade pessoal está assim gradualmente estabelecida, de um modo sério e sistemático,
pelo exame crítico de pesquisadores rigorosos e independentes e,
sobretudo, pelos esforços especiais e altamente inteligentes dos
comunicantes do Além. Para mim a evidência é virtualmente completa e não
tenho dúvida alguma sobre a existência e a sobrevivência da
personalidade, do mesmo modo que não a tenho sobre a dedução de uma
experiência qualquer, comum e normal.